Uma pergunta sempre resta de uma Feira do Livro: quando arrumarei tempo para ler os livros adquiridos nesta edição, se nem ao menos terminei de ler os que comprei na edição passada?

Se é verdade que estamos lendo mais, também é verdade que está se publicando muito mais. O resultado da equação é simples: ansiedade.

Vou aproveitar as férias e colocar a leitura em dia era uma expressão muito utilizada. E quanto mais dita, certamente, menos cumprida. Basta chegar na praia, abrir a primeira cerveja e a promessa é quebrada tal qual as ondas que quebram na tarde.

Aliás, pensamento curioso esse, colocar a leitura em dia. Uma análise um tantinho só mais dedicada e perceberemos que já viemos ao mundo com a leitura em atraso. Uma puta falta de sacanagem!

Primeiro se deitar sobre os clássicos! Amigo, podemos morrer sem alcançar metade de tudo o que se chama os clássicos.

E tem sempre os engraçadinhos que mais atrapalham do que ajudam os leitores. Por exemplo, pra que escrever um livro chamado “1001 livros para ler antes de morrer”. Só pode ser uma brincadeira conosco. Ou então “Tudo que você precisa ler sem ser um rato de biblioteca”, este dividido em dois volumes: literatura brasileira e internacional, o que já aumenta a lista em, no mínimo, mais 200 obras.

É muita coisa. Mas, fique tranquilo, não estou sugerindo que deixemos de lado os livros, pois tampouco resolveria a questão. É importante que se leia. É importante que se compre livros. O que precisamos é diminuir a ansiedade sobre a quantidade de obras não lidas.

Mas por onde se deve começar? Ah!, me inclua fora dessa. Não serei mais um a engordar a lista de listas feitas sobre o que se deve ler. Abra um livro e comece a leitura. Se lhe agradar, continue. Caso contrário, pare e comece outro. Não é culpa sua não terminar um livro. É do autor.

 

Porque para estar com a leitura em dia talvez fosse preciso se dedicar exclusivamente a tarefa por, sei lá, quem sabe uns 20 anos. Sem trabalhos paralelos, sem distrações, sem vagabundagens. No final das contas, me pergunto, de que adiantaria? No máximo, para uma fanfarronice no meu epitáfio: “Morreu com a leitura em dia”