Na juventude aprendemos; na maturidade compreendemos."
Marie Von Ebner-Eschenbach, escritora alemã – 1830-1916
A seção de Finanças do Business Insider publicou no último dia 9 um post abordando o tema "Juniorização em Wall Street". O assunto já havia sido pauta do “theSkimm", blog de comportamento e tendências, que definiu ironicamente o vocábulo: “juniorização é quando a happy hour da empresa começa a ficar mais descontraída”. Para o Business Insider, no contexto da matéria, “juniorização é quando Wall Street substitui senior traders e profissionais de negócios por talentos mais jovens”.
Como os traders precisam ser proativos, flexíveis e disciplinados, veteranos de Wall Street se perguntam como estes jovens vão resolver questões estratégicas numa atividade onde networking, conhecimento técnico, faro aguçado e insight fazem toda a diferença. É uma preocupação real já que alguns clientes são conservadores, abominam mudanças constantes e confiam em seus parceiros de negócios. Por outro lado, estes seniortraders admitem que enfrentam dificuldades para se adaptar a tanta tecnologia.
No post do Insider, um profissional de alta patente mencionou que o headcount do banco onde trabalha não mudou, mas o mix, sim. Na visão desta organização, fornecer conhecimento e tecnologia aos colaboradores mais jovens pode trazer o mesmo retorno proporcionado por funcionários mais experientes. Parece que no segmento financeiro esta forma de juniorização tem sido uma prática comum há alguns anos. Em nome da eficiência operacional o banco aumenta o número de vagas de analistas, associados, gerentes e diretores; elimina os cargos mais altos da pirâmide e consegue reduzir despesas com salários e benefícios.
Alguns mercados que miram públicos mais jovens precisam contratar profissionais dessa faixa etária porque entendem o jargão de seus clientes e garantem alto engajamento para suas iniciativas, mas a crise tem levado diversos setores a adotar a juniorização visando apenas a redução de custos, sem uma análise mais profunda das consequências do processo. Alguns gestores de RH, por exemplo, comentam que os jovens possuem muita energia e por isso são ansiosos, tendem a achar o ambiente corporativo monótono e não conseguem ver a empresa de forma holística. O ambiente de marketing, por exemplo, que elogia a criatividade e vê com bons olhos aqueles que pensam “fora da caixa”, se preocupa com a rapidez com que estes jovens tomam decisões que às vezes custam muito dinheiro e uma boa dose de estresse para os dois lados da mesa.
A juniorização possui várias nuances: é comum ver empresas oferecendo salários “entry level” para profissionais maduros, que por falta de opção acabam aceitando a oferta. Para alguns profissionais a volta ao mercado justifica a redução do salário. Em alguns casos, cargos mais altos são eliminados e as funções passam a ser exercidas pelos que ficaram - normalmente membros mais jovens da equipe -o que pode gerar uma disruptura na qualidade do serviço percebida pelo cliente.
Talvez gurus e guris (uma metáfora para ilustrar profissionais maduros e jovens talentos, respectivamente) tenham uma visão diferente sobre carreira e sucesso, afinal o background e as expectativas não são as mesmas e as empresas precisam considerar estes aspectos no momento da contratação - ou uma nuvem de frustração pode pairar no ambiente.
O mantra em vigor diz que é preciso fazer mais com menos, ser mais eficiente, reduzir custos, porém existem habilidades que são imprescindíveis para o sucesso do negócio, como resiliência, liderança, credibilidade e visão estratégica - para citar algumas - justamente habilidades que não tem preço. Elas têm valor.