Um bom salário e a tranquilidade de não correr o risco de perder o emprego. Esse é o sonho que levou quase 11 milhões de pessoas a se candidatarem a cargos públicos em todo o Brasil no ano passado.

Embora os governos venham introduzindo, gradativamente, conceitos da iniciativa privada com o intuito de oferecer serviços mais qualificados e, também, de atrair os melhores profissionais, a estabilidade segue inabalada e continua sendo a grande vantagem da carreira pública.

Os salários iniciais, mais altos que aqueles oferecidos na iniciativa privada, também são um atrativo importante. Com o passar dos anos, no entanto, o cenário se modifica.

Segundo estimativas, depois dos cinco primeiros anos de trabalho, o salário no setor público perde 50% do valor, na comparação com a remuneração das empresas privadas.

As possibilidades de crescimento na iniciativa privada são bem maiores que no setor público – mas o risco de ser substituído também aumenta. Há plano de carreira no serviço público, porém a progressão é lenta.

Já no setor privado, a subida dentro da empresa pode ser mais rápida. Todavia, quanto mais alto e estratégico o cargo ocupado, maior o risco de substituição por um profissional que tenha um custo menor para a empresa.

Capacidade para assumir riscos, portanto, é uma das prerrogativas básicas para quem deseja construir sua carreira na iniciativa privada.

Para apresentar resultados, cobrados constantemente, o profissional precisa estar apto a sair da sua zona de conforto e inovar.

Por essa razão, o perfil mais adequado para a iniciativa privada é o do profissional arrojado, proativo, que tenha capacidade de trabalhar sob pressão e sempre com visão de negócio.

Esse perfil de profissional tem alta chance de se frustrar no serviço público. Na área pública, a cobrança é menor, até porque existem muitos limites legais e burocráticos na atuação, o que dificulta muito a possibilidade de inovação.

A verdade é que a necessidade de criar é inerente ao ser humano, mas muitos profissionais estão trocando os desafios e as boas chances de ascensão da iniciativa privada por uma carreira estável no serviço público.

É o que se observa entre os alunos da LFG/RS, por exemplo, maior rede de cursos preparatórios para concursos do Brasil.

Em virtude da crise econômica, os profissionais despertaram para a possibilidade de carreiras públicas, sobretudo os mais jovens. Os cargos na área contábil e jurídica são os mais procurados, atraindo inclusive profissionais de outras áreas, completamente diferentes.

Antes de decidir pela carreira pública, no entanto, o profissional deve avaliar também os aspectos negativos. Além do ritmo lento de crescimento profissional, o servidor público tem que se adaptar à velocidade das mudanças e tomada de decisões, geralmente vagarosa.

Também é muito comum que a segurança no emprego, considerada a grande vantagem em relação à iniciativa privada, traga consigo acomodação e desmotivação. Por essa razão, o profissional da área pública deve ser metódico e procedimental.

Há muitas limitações nas formas de atuação e, por essa razão, o espaço para fazer diferente é muito menor. Tanto é que há um número bastante significativo de servidores públicos afastados por depressão e isso deve ser levado em conta.

Uma das principais causas de frustração entre os ocupantes de cargos públicos decorre da avaliação precária das funções que irão desempenhar quando se inscrevem em um concurso público.

Como o critério de seleção na área pública é apenas o conhecimento, diferente da iniciativa privada, que avalia também habilidades e atitudes, existem muitos casos de profissionais em áreas para as quais não têm o perfil adequado.

Portanto, as pessoas que desejam encarar o serviço público como tábua de salvação devem estudar, refletir e prestar muita atenção ao se inscreverem em concursos a cargos para os quais o seu perfil não tem qualquer afinidade.

Para evitar frustração no futuro, é fundamental que o candidato avalie muito bem as funções inerentes ao cargo ao qual ele pretende concorrer antes de prestar um concurso público.

*Gustavo Ávila é diretor da Metta Capital Humano, empresa especializada em recrutamento e seleção

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Quer saber mais sobre as diferenças entre uma carreira no setor público e no setor privado? Confira esse artigo sobre o tema.