Um breve olhar sobre os números na loja de aplicativos do Android mostra que o Firefox está longe de ser a preferência entre os usuários desse sistema. Mas, ao que tudo indica, existem reformulações previstas para o navegador.

Esta semana, foi noticiado um e-mail assinado pelo diretor de engenharia do Firefox, Johnathan Nightingale.

A informação é de que a equipe trabalha em melhorias para a versão Android do navegador.

Para se ter uma ideia da baixa popularidade do browser entre os usuários Android, o Opera, que tem uma participação pífia entre usuários de PC, é o preferido de quem usa o sistema do robô, acumulando 11 milhões de downloads (somadas as versões mini e mobile do navegador), enquanto o Firefox conta com um milhão de downloads.

Na avaliação dos usuários na Android Market, o Firefox também mostra que não está agradando, já que ele conta com 42.489 avaliações, gerando 3,5 pontos (escala até 5), enquanto o Opera Mini tem 165.183 avaliações, somando nota de 4,5, e o Opera Mobile 73.614, com 4,5 pontos.

Os dados foram coletados na manhã desta quarta-feira, 19.

Apesar de ser um excelente navegador, o Firefox, que desbancou a hegemonia do Internet Explorer, foi ficando mais “pesado” ao longo do tempo e cedendo espaço para o Chrome nos PCs.

Ele também possui alguns bugs e um antigo memory leak (vazamento de memória) que parece nunca ser totalmente solucionado e ocorre na maioria dos computadores, com algumas exceções.

A todo momento, um pouco de memória é utilizado, aumentando interminavelmente, até chegar ao ponto de praticamente travar. E normalmente quanto mais add-ons (aplicativos adicionais do Firefox), mais o problema se agrava.

Na versão mobile, basta uma simples experiência de navegação para entender por que ele tem ficado para trás.

Uma das mudanças que os desenvolvedores do Firefox planejam é o abandono da tecnologia XUL, a linguagem de interface do navegador, que suporta as aplicações da Mozilla.

Essa tecnologia permite o desenvolvimento de interfaces para widgets e add-ons, que foram responsáveis por tornar o browser mais atraente, divertido e com funcionalidades não imaginadas pelos usuários comuns até o boom do Firefox, há uns cinco anos.

Porém, ela parece não ter evoluído o suficiente para atender às demandas na navegação móvel, geralmente com 3G - ou seja, uma conexão de baixa velocidade e num hardware com desempenho limitado.

A ideia da equipe de desenvolvimento do Firefox é usar a interface nativa do sistema Android. Caso isso ocorra de fato, haverá um problema com os add-ons atuais, o que pode tornar o navegador menos atrativo inicialmente.

A solução é converter os códigos do add-on para a nova plataforma. Ou seja, uma oportunidade de repensar alguns pontos do software, melhorar sua performance e a experiência do usuário.

Mas estou mais otimista ainda com a provável mudança.

É preciso lembrar que muitos sistemas e sites mobile funcionam não a partir de um aplicativo, e sim de um navegador, opção que geralmente representa menos custos.

O Firefox respeita à risca os padrões de desenvolvimento e tê-lo com maior escala de adoção no Android, sistema mobile amplamente usado, significa a possibilidade de desenvolvimento de aplicativos mais ricos em experiência de uso, conceito que está diretamente ligado a navegadores que atendam aos padrões de CSS, Javascript e HTML.

* Alan Sikora é desenvolvedor de sistemas há 10 anos e diretor da agência de criação digital WCD Company.