O software livre não tem custo de licença, mas, quando é aplicado à área de gestão, seja em empresas ou órgãos públicos, gera um conjunto de outros custos, tangíveis e intangíveis, fazendo com que a alternativa acabe sendo muito mais custosa para a organização do que as alternativas de software proprietário, tanto em custos financeiros como em custos indiretos como a eficiência final dos processos.
Custos de implantação, desatualização tecnológica, inadaptação às evoluções legais e funcionais, são apenas algumas das desvantagens experimentadas pelos compradores de software livre na Administração Pública.
O software livre oferece vantagens no caso de programas de uso mais simples, como planilhas ou editores de texto, que podem ser facilmente implantados e utilizados, além de não necessitarem de atualização permanente.
No caso dos sistemas de gestão, que são complexos e devem funcionar de forma integrada para garantir a eficiência dos processos, o software livre termina por custar mais caro, especialmente nos ganhos em produtividade e eficiência proporcionados pela informática.
Se o gestor público precisar de ajuda para fazer funcionar aquele sistema, ou para promover adaptações, a quem irá recorrer? Quem garante a qualidade global do software? A quem reclamar?
O que a experiência comprova é que os gastos extrapolam e o software permanece defasado e inoperante, o que resulta na má qualidade da gestão, no descumprimento de obrigações legais e, sobretudo, na ineficiência dos serviços prestados à população.
Os softwares de gestão demandam investimentos em pesquisa e relacionamento com os usuários para evoluírem, além de assistência técnica permanente. E quem paga este custo, se não houver cobrança de licença para o uso?
Na prática, o software livre não tem custo de implementação porque é defasado em relação às necessidades do mercado e do setor público e não oferece acompanhamento.
Assim, o que deveria ser uma solução, passa a ser um problema grave. Por fim, outro aspecto que precisa ser desmitificado, é a principal vantagem do software livre enfatizada pelo Portal do Software Público Brasileiro mantido pelo Governo Federal: Baixo custo.
Os editais emitidos por órgãos públicos para a instalação destes sistemas mostram que seus custos finais são, normalmente, maiores do que soluções proprietárias equivalentes.
* Mário Guilherme Sebben é presidente do grupo Datasys e ex-presidente do Seprorgs