Será que estamos trabalhando 24 horas por dia?

Uma pesquisa realizada recentemente pela Regus com 16.000 entrevistados em mais de 80 países, revelou que 51% dos profissionais brasileiros não se desliga totalmente do seu trabalho nas férias, trabalhando, segundo eles, “num ritmo reduzido, enviando e-mails, fazendo ligações”.

Nesse cenário, quem se beneficia? Avaliando de pronto, aparentemente a minha empresa se beneficia, claro! Meus funcionários trabalhando até mesmo em casa, que maravilha! Na prática, não é bem assim.

A partir do momento em que a empresa permite que seu funcionário trabalhe em casa, ele acaba internalizando o fato como uma rotina. Não produz o mesmo que produziria caso “soubesse” que só pode produzir na empresa.

O prazo dado por seu superior que antes era de dois dias (ou 16 horas de trabalho – se pensarmos em 8 horas por dia de dedicação para a conclusão de tal projeto) acaba, na mente do trabalhador, se esticando para 20 horas, quem sabe mais ainda – “eu posso trabalhar depois do fim do meu expediente, por que me esforçaria a terminar tudo no meu ambiente de trabalho?”

Além disso, o estresse do trabalhador acaba aumentando ao passo que ele não se “desliga” mais do trabalho. Ao levar suas responsabilidades empresariais para casa, o funcionário confunde os limites que existem entre sua vida profissional e pessoal e perde o foco de uma e outra. A paciência com os colegas diminui, a convivência com a família se reduz, momentos de lazer caem drasticamente. Isso não beneficia ninguém.

Queremos que nossos profissionais estejam “inteiros” para buscar resultados que nossa empresa lhes propõe diariamente. Por “inteiros” entenda-se dispostos e cientes dos prazos que devem cumprir, como devem cumprir, para quem devem responder, etc. Esse é o papel do líder: deixar a sua equipe ciente dos limites entre o que deve ser feito e como deve ser feito.

Para isso, é preciso que a empresa estabeleça regras claras daquilo que deve ser feito no ambiente corporativo e aquilo que pode ser postergado e definições claras de como a empresa enxerga aqueles que trabalham em casa – para alguns, acredite, trabalhar em casa é visto como um esforço extra, um mérito de um funcionário exemplar, que se dedica plenamente às suas atividades.

Por fim, sabemos que os dispositivos móveis facilitam, e muito, a criação de uma ligação bem maior que a saudável entre empresa e funcionário. Os emails de trabalho chegam ao meu celular enquanto estou em férias, tenho acesso aos dados da minha empresa em qualquer lugar que eu vá, recebo ligações dos clientes que descobrem meu número de celular pessoal...onde isso vai parar? Será que estamos trabalhando 24 horas por dia?

Novamente, é responsabilidade da empresa definir limites e encontrar soluções para esse novo cenário. É fato que essa é uma das preocupações recentes da área de TI e se não é, já poderia ser pensada pela sua empresa.

Caroline Renner é Coordenadora de Marketing da Decision IT.