Há alguns anos, a tecnologia da informação ainda assustava as pessoas, pois era percebida como uma possível geradora de problemas sociais, como o desemprego e a desigualdade.
Parecia que o futuro estava destinado a uma sociedade completamente automatizada, e o ser humano condenado a ser um simples espectador de um mundo robotizado. Pouco depois, com o crescimento da interação via Web, veio o receio de que a tecnologia reduzisse o contato entre as pessoas, tornando a humanidade insensível.
Mas o fato é que, a cada dia que passa, a tecnologia vem se tornando uma ferramenta que potencializa a capacidade humana. Ela já está presente em nossas vidas, em nossa maneira de pensar, em nossas decisões, em nossos planos e relações pessoais mais sensíveis. É nesta dimensão que ela passa a ser um apoio essencial à sociedade e à sustentabilidade do planeta.
Devemos buscar sempre a inovação pelo uso da tecnologia, concentrar e organizar todas as potencialidades globais, ser um agente de mudanças e focar nossos esforços em levar os indivíduos e a comunidade tecnológica global a pensarem de forma mais inteligente.
Enxergar o potencial de cada região, e o que ela tem para colaborar com este desenvolvimento, é primordial para que a proposta faça sentido. Um exemplo é a região Sul do Brasil, que possui um rico ecossistema formado por empresas, universidades, startups, instituições de classe e organizações não governamentais, capazes de desenvolver diversos projetos interessantes.
Isso não deixa de ser uma proposta de melhoria e mudança de cada um de nós como indivíduos sociais e da forma como vemos o mundo.
Melhor dizendo, o desafio é pensarmos além de nosso padrão do dia-a-dia, questionando: como podemos usar melhor a tecnologia a meu favor, conectada de alguma forma a tudo e a todos? Como posso propagar meu conhecimento, cultura local, valores, visão familiar, para minha comunidade, meu bairro, minha cidade, meu país e meu planeta?
Aliás, com os recursos tecnológicos disponíveis hoje, é possível escolhermos os "planetas" do quais queremos fazer parte. Podemos decidir ajudar uma campanha contra o câncer de mama, outra a favor da Amazônia, e ainda trabalharmos no aprimoramento da tecnologia a favor das pessoas com necessidades especiais.
Da mesma forma, podemos escolher as atividades nas quais vamos ser voluntários em nossas empresas, em nossas comunidades religiosas ou nas comunidades de lazer e esporte.
Escolhemos isso apenas ao pressionar o botão "curtir" ou indo além, estudando, explorando e trocando informações com um especialista em cultura da seda na China, por exemplo, para replicar os conhecimentos em favor de uma pequena comunidade pobre no Nordeste.
Para exemplificar isto, dou testemunho de um projeto vivenciado por mim em maio deste ano, na cidade de Curitiba. O projeto Executive Service Corps, promovido pela IBM, empresa em que trabalho, consiste na atuação de executivos da companhia em prol da cidade, com o objetivo de aprimorar a gestão e, consequentemente, beneficiar os cidadãos. Trata-se de uma bela união de valores corporativos, valores humanos, valores pessoais e dedicação do poder público, que resulta em benefícios para todos os envolvidos.
Portanto, concluo que há uma grande mudança em curso. Para fazer tudo isso, e muito mais, só é preciso decidir. Colocar-nos a serviço, reagindo a um impulso de solidariedade ou de empreendedorismo gerado pelos nossos valores humanos. O resto é por conta da tecnologia.
Ou melhor, a tecnologia é apenas o meio, pois o que na verdade possibilita tudo isso é a informação. É pelo uso da enorme quantidade de informação disponível que podemos explorar os assuntos, conhecer, pesquisar e levar adiante os nossos projetos.
O conceito de “Big Data”, projetos de mobilidade, projetos de cidades digitais (ou cidades inteligentes), centros de controle, enfim, todas as tecnologias juntas, conectadas, devem servir a um propósito primordial: potencializar e conectar a capacidade humana para o desenvolvimento de uma sociedade melhor e mais inteligente.
Antônio Canova é executivo da IBM para a região Sul do país.
A tecnologia como potencializadora do ser humano
Antônio Canova // 10/09/2012 16:38