Na vida, tudo é uma questão de organização e priorização. Afinal, estamos limitados a situações de tempo e espaço que são intransponíveis e, disso, nós sabemos desde que nascemos. No mundo das telecomunicações o cenário não é diferente, uma vez - nas redes de comunicação - é preciso tratar informações de acordo com sua importância e evitar, a todo custo, congestionamento.

Nesse sentido, temos a Qualidade de Serviço (QoS) em Rede IP como um mecanismo moderno de organização. Por meio dele, as informações mais importantes recebem tratamento privilegiado em relação às informações de menor importância quando ocorre sobrecarga nos equipamentos de rede devido ao excesso de tráfego.

Sem aplicar políticas de qualidade de serviço, a rede fica sujeita a variações de desempenho em caso de congestionamento de tráfego que podem resultar em colapso, dependendo do cenário.

Uma analogia para entender a importância do QoS é imaginar uma avenida com quatro faixas. Sem regras, os carros lentos e rápidos podem utilizar qualquer uma das quatro faixas. Com poucos carros na pista, o sistema naturalmente fica em equilíbrio.

Com alto tráfego, os carros lentos presentes nas quatro faixas obrigarão os carros rápidos a andar devagar e, devido ao excesso de carros, em pouco tempo, teremos um congestionamento com velocidade próxima a zero. Se definirmos que os carros muito lentos só podem ocupar a faixa quatro, os lentos a faixa três, os com velocidade média a faixa dois e os rápidos a faixa um, teremos uma maior organização do tráfego e, caso ocorra congestionamento, a tendência é a velocidade diminua, mas o fluxo não seja interrompido.

É exatamente esse tratamento que os diversos tráfegos na rede devem ter. Quem necessita de maior velocidade de transmissão deve ter prioridade em relação aos tráfegos de menor importância.

Apesar da aparente simplicidade e obviedade do tema, planejar e implantar QoS requer três etapas que podem não ser tão simples, dependendo do tamanho e complexidade do negócio. As etapas são: Classificação, Marcação e Priorização.

Assim, é necessário conhecer e separar as informações por categorias ou interesse (classificação), identificar cada categoria (marcação) e, em seguida, definir quem terá mais prioridade, de acordo com as características dos tráfegos e a importância de cada categoria para o negócio.

“Mas o acesso ao ERP é vital para os negócios”, diz um diretor.
“É fundamental para meu trabalho fazer várias conferências por dia”, diz um gerente.
“Eu preciso consultar vários sites financeiros todos os dias”, afirma um analista.

Em outras palavras, tudo é prioridade, baseando-se nas necessidades individuais. Cabe aos executivos e aos gestores de TI discutirem o que é mais importante para o negócio e definir as políticas de qualidade de serviço. Aos especialistas de rede cabe definir qual mecanismo de fila (ex. Low Latency Queue, Weighted Fair Queue, …), configurá-los corretamente e gerenciá-los ao longo da operação.

Pronto. Já classificamos os tráfegos, marcamos e aplicamos a correta estratégia de fila. Nunca mais precisaremos se preocupar com QoS, certo?

Errado. Se o negócio prosperar ou diversificar, em breve, teremos problema de desempenho de rede. QoS incorretamente aplicado ao invés de ajudar pode inviabilizar o tráfego de rede.

É um processo de maturação que dificilmente se acerta na primeira configuração e está sujeito ao dinamismo do negócio. O que é mais importante hoje pode ser menos importante amanhã.

Os executivos e os gestores de TI devem manter os planejamentos estratégico e de TI alinhados para que os investimentos em tecnologia estejam aderentes às necessidades de negócio. Se isto ocorrer, tenho certeza de que o valor gasto com TI poderá ser menor e a eficiência maior.

Como uma empresa hoje não consegue ser competitiva sem soluções de tecnologia que automatizam processos e reduzem custos de produção, podemos dizer que o planejamento de TI contribui decisivamente para o sucesso do negócio e, por isso, é fundamental acompanhar o planejamento estratégico da empresa.

*Rogério Tomirotti é consultor de Professional Services da Avaya no Brasil