Aos poucos, a TI brasileira enxerga a relevância e inclui no processo de desenvolvimento de seus produtos a etapa de Experiência do Usuário (UX em inglês), que foca em entender as reais necessidades e transformar a experiência do consumidor num momento único e impactante.
Porém, a maioria dos projetos ainda trata esta etapa de maneira independente e desintegrada, gerando desperdício de tempo, alto custo de projeto e falta de sinergia entre as equipes envolvidas.
Para sanar este abismo entre as áreas, propõe-se utilizar algumas combinações de metodologias, filosofias e processos, como o Lean, para unificar os times, integrar as diferentes etapas de concepção e desenvolvimento do produto, evitar desperdícios e obter ganhos reais de qualidade, tempo e economia.
O objetivo macro é gerar valor ao projeto e cortar desperdícios a partir da otimização das equipes de UX e Programação, garantindo a entrega de um produto eficiente, que atenda os objetivos de negócio do cliente e às expectativas do usuário final.
Nasce, então, o que se chama de Lean UX, um modelo já evoluído fora do Brasil, mas que ainda se inicia no País. No cenário habitual, o time de UX conceitua e estrutura o produto e, em seguida, cria o design (pacote criativo), que é aprovado pelo cliente, mas não envolve a participação do time de programação.
Depois da aprovação, a equipe de programação recebe este pacote e parte para o desafio de transformar em código o que foi concebido pelos criativos, sem a participação dos mesmos.
É neste momento que surgem os maiores problemas e a concepção do produto é gravemente ameaçada, pois ambas as equipes trabalham no desenvolvimento do mesmo produto separadamente: sem o repertório técnico, criativos da UX concebem o produto focado na estética e interação, porém, desconhecem as limitações técnicas.
Por outro lado, sem o repertório criativo, programadores focam seus esforços em transformar layout em código, preocupados com tecnologia e performance, sacrificando, muitas vezes, a qualidade gráfica e interativa do projeto.
O Lean UX propõe que as etapas do desenvolvimento do projeto (anteriormente fragmentadas e feitas em períodos de tempo diferentes) sejam feitas conjuntamente e todo o time envolvido no projeto – do comercial ao programador – trabalhe alocado no mesmo espaço físico, formando uma equipe completa e multidisciplinar.
Ao trabalhar integrado com os programadores, o time de UX ajusta o produto às necessidades tecnológicas, tornando sua entrega factível e com maiores chances de sucesso.
Do outro lado, os programadores, por serem envolvidos desde o início no projeto, já estão familiarizados com o produto e conseguem contribuir, assim, para o enriquecimento da solução.
Como exemplo real, vivenciei a construção da rede social de um famoso grupo de academias fora do Brasil. Nos moldes tradicionais, o projeto, que era estimado em quatro meses, consumiu cerca de 10 meses, além de gerar prejuízo no valor do projeto.
A análise pós-projeto mapeou que uma das causas principais do atraso e alto custo foi a diferença de tempo e espaço entre as equipes envolvidas, um ponto crucial atacado e corrigido nos moldes do Lean UX proposto. O fato é que, independente do projeto e do cliente, as equipes podem (e devem) trabalhar integradas.
*Dário Gargaglioni Júnior é responsável pela área de Experiência do Usuário, usabilidade e direção de criação no Studio Mobile da Ci&T, com foco exclusivo no universo mobile e online.
Lean UX: como integrar equipes e ter ganhos reais
Dário Gargaglioni Jr. // 09/04/2013 14:16