No Brasil como em outros países, o desenvolvimento que garante a estrutura produtiva do País depende em grande parte do desempenho da indústria de eletroeletrônicos que é, sem dúvida, uma das mais importantes. Ora, os dispositivos eletroeletrônicos estão presentes em quase todas as atividades, desde a indústria de bens de consumo até as de equipamentos mais pesados como maquinário, geração de energia, telecomunicações, automação industrial e bancária, entre outros. Por onde quer que se olhe, é possível identificar produtos com componentes da indústria eletroeletrônica, as placas de circuito impresso. Neste sentido, tanto o investimento em P&D, como a utilização de tecnologia e ferramentas para agilizar o processo e reduzir custos, são vitais para a economia do país.
Como se sabe, durante o desenvolvimento do projeto da maioria dos equipamentos eletroeletrônicos é necessário confeccionar um ou mais protótipos das placas de circuito impresso (PCB) para testar seu funcionamento bem como para demais ajustes, que é uma das mais importantes fases. Ironicamente, um dos maiores entraves do desenvolvimento é justamente a demora nesse processo, que exige ‘remanufaturas’ que, muitas vezes, depende de fornecedores externos, mais lentos para proceder várias e pequenas alterações nesses protótipos. Ao longo da criação, estas idas e vindas encarecem o projeto e, num mercado em que o time-to-market e a concorrência de preços vão às últimas conseqüências, pode inviabilizar a comercialização antes mesmo que o produto fique pronto.
E, quando a prototipagem, que materializa as placas de circuito impresso, permitindo testar e verificar as alterações necessárias, é feita por fornecedores externos, cujo tempo médio de entrega pode estender-se a até uma semana, causa morosidade e, claro, atraso no cronograma de produção. A coisa complica ainda mais quando os designs são complexos, uma vez que requerem mais gerações de protótipos. Nestes casos, os testes iniciais apontam para mudanças que precisam ser feitas e testadas novamente, gerando, mais alterações. Se multiplicarmos o tempo e o custo destas ‘refações’, facilmente perceberemos que são fatores críticos do processo, que precisam ser olhados com mais atenção.
Uma das alternativas apontadas por designers e engenheiros e que, de fato, tem funcionado muito bem, é a utilização de ferramentas que permitem fazer a prototipagem - ‘in-house’ de PCB, tornando o processo de desenvolvimento mais ágil, fácil e barato. Existem ferramentas avançadas no mercado que permitem a importação dos dados de design, de qualquer software, para uma impressora precisa de esboços, conhecida como plotter. Assim, é possível produzir a placa de circuito finalizada, real, em uma questão de minutos, no próprio laboratório da empresa. Trata-se do domínio do time-to-market que citamos no início: a redução do tempo é a primeira vantagem evidente, sem falar no custo, fazendo da prototipagem in-house um fator decisivo para o sucesso dos lançamentos.
A seu turno, fica notório que para produzir um ou dois protótipos é economicamente inviável parar a linha de produção da fábrica. Tão inviável quanto se pensar em parar todo o tráfego de aviões porque um pássaro levantou vôo, o que evidencia ainda mais as vantagens financeiras da aquisição de um equipamento de prototipagem in-house, também útil para empresas com pequenas produções ou fast-paced.
Outro importante benefício é a manutenção da confidencialidade das inovações. Enviar arquivos dos projetos em desenvolvimento, repetidas vezes para terceiros, aumenta as chances de vazamento, principalmente pela incidência cada vez maior de empresas piratas. E, como se sabe, todo projeto de inovação pode ir parar em mãos erradas, comprometendo os altos custos despendidos. Este tipo de dispositivo também elimina falhas de design nos estágios iniciais e permite que todo o projeto seja realizado no laboratório da empresa ou da instituição educacional – do design à montagem -, provendo know-how de produção completo.
De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o País tem o maior número de cientistas e o maior sistema de pesquisa científica da América Latina. A instituição afirma que há estimativas de que aqui são investidos em ciência, tecnologia e inovação, a cada ano, cerca de R$ 12 bilhões, dos quais R$ 3 bilhões são feitos por empresas. Infelizmente, o Brasil ainda está atrás de outros países em desenvolvimento, no número de patentes de invenção. Em 2003, o Brasil encaminhou 221 pedidos de patentes a organismos internacionais, contra 2.997 da Coréia do Sul, 1.205 da China e 611 da Índia.
Por isto, rumar para a modernidade e para uma indústria competitiva, em vista do ritmo acelerado que vivenciamos, requer poucos ciclos de design e tempos de desenvolvimento mais curtos , de maneira a se levar o produto ao consumidor mais rapidamente. E, esta equação passa necessariamente pelo time-to-market.
Para concluir, vale destacar que o emprego da prototipagem in-house tem funcionado como o ‘fiel’ da balança para garantir estruturas e maquinários mais competitivos. E, estamos falando em concorrência nacional e internacional, disputa por novos mercados e geração de empregos diretos e indiretos. A ‘briga’, como se diz, é de gente grande e o País não pode esperar, já que envolve o desenvolvimento do Brasil, o que exige a adoção de alternativas viáveis.
*Carlos Lion é diretor da Anacom, distribuidora exclusiva dos produtos de prototipagem da alemã LPKF. Email: celeao@anacom.com.br.