Daniel Formolo.
Conforme declaração Peter Sondergaard, os apps tendem a se extinguirem até 2020. O vice-presidente sênior de pesquisa da Gartner, diz que os sistemas de recomendação irão substituí-los. Os algoritmos desses sistemas, utilizam dados pessoais e analisam as preferências dos usuários para fazer recomendações.
Embora datas sejam sempre uma incógnita, a previsão de Sondergaard faz todo sentido. Sistemas de Recomendação como Google Now, Siri e Cortana crescem em refinamento e base de dados, agregando mais serviços e tornando-se cada dia mais precisos.
Os smartphones deram viabilidade aos Sistemas de Recomendação devido a sua portabilidade, poder de processamento, conectividade e fácil acesso a boa parte da população humana, que os adotaram no uso diário.
Pesquisas e relatórios de diferentes fontes fornecem dados que nos levam a inferir que os apps continuam ocupando o espaço de destaque, e vão continuar por muito tempo. Sistemas de Recomendação ainda não são pujantes como os apps, mas vem crescendo em uso. Eles são muito mais complexos e abrangentes que os apps e justamente por isso conseguem conectar dados de diversos aspectos da vida, abrindo a possibilidade de prover muito mais serviços aos usuários.
A adoção definitiva dos Sistemas de Recomendação depende principalmente da aceitação das pessoas em compartilhar seus hábitos e preferencias. Hoje em dia a maioria das pessoas tem restrições quanto a expor seus dados, mesmo especialistas discutem os limites e impactos da liberação de dados privados.
Certo ou errado, bom ou mal, essa invasão de privacidade vai ocorrer por vontade espontânea dos usuários, em troca de serviços que facilitem suas vidas. Pensem em serviços não limitados a smartphones, mas ampliados a smart-TVs, carros inteligentes, lares inteligentes, robôs domésticos, e muito mais, mudando inclusive aspectos da forma com que lidamos com o mercado.
Justamente por serem abrangentes, essas plataformas envolvem muito investimento em infraestrutura, refinamentos de algoritmos de inteligência artificial e plataformas de hardware envolvendo smartphones, wearables, tablets, computadores e todos os outros tipos de equipamentos inteligentes.
Por isso, o número de candidatos a prover plataformas de Sistemas de Recomendação é limitado e será assim por um bom período de tempo. Seguindo a tendência de outros acontecimentos do passado com relação a models de negocio e internet, é provável que frameworks de Sistemas de Recomendação surjam no futuro e novas plataformas de Sistemas de Recomendação sejam disponibilizadas. Isso ocorreu com lojas online e com os próprios apps.
Diferente do que foi dito por Sondergaard, não parece que os aplicativos vão desaparecer, mas sim se adaptarão a um novo modelo de negocios e a mais uma nova camada dentro dos frameworks mobile existentes hoje como Android, iOS e Windows Mobile . Por mais grandes que sejam as empresas por trás das três principais plataformas de Sistemas de Recomendação: Google, Apple e Microsoft, elas não têm a capacidade de abranger todas as possibilidades de serviços vislumbradas atualmente e que podem surgir no futuro.
A comunidade de empresas e desenvolvedores individuais têm muito mais volume e ritmo de criar novas aplicações. Por isso, os apps de hoje se transformarão em plug-ins dessas plataformas de recomendação. De certa forma, essa já é a solução adotada pelas grandes empresas para impulsionar suas plataformas mobile.
Alguns passos deverão ser dados para que isso seja viável, um deles é a criação de uma base de dados homogênea com uma API de acesso para que os plug-ins possam grava e ler dados. Mas o mais complicado será a homologação desses plug-ins. Como confiar que não vão se aproveitar das informações das pessoas para outros fins? Existem algumas soluções iniciais vislumbradas, mas a solução todas carecem de experimentação e refinamentos.
Mesmo que esse pareça um futuro a médio prazo, é importante ficarmos atentos a essas tendências, amadurecer ideias que se tornem projetos em um futuro próximo para nos posicionarmos bem no mercado e adiantar adaptações dos produtos existentes as necessidades dos clientes.
* Daniel Formolo é doutorando da Vrije Universiteit, em Amsterdam.