Pouca gente se dá conta de como a tecnologia passou a fazer parte de nossas vidas, nas últimas décadas. E, não estamos falando de computadores ou robótica avançada, não. Trata-se do dia-a-dia, mesmo, já que inúmeros softwares comandam o funcionamento primário de aparelhos domésticos, do elevador, do painel do carro, da catraca eletrônica dos ônibus, de uma forma tão sutil que nem notamos. De fato, houve uma revolução tecnológica que adentrou a vida de todos e, quem diria? Convivemos normalmente, usufruindo a modernidade como se ela sempre tivesse feito parte da nossa rotina.

Como se sabe, já há algum tempo os comandos dos aparelhos deixaram de ser apenas mecânicos, passando a ser controlados por softwares gravados na memória de componentes ou microcontroladores, minúsculos, que conduzem o funcionamento primário de uma infinidade de máquinas. Para se ter uma idéia, os aplicativos estão presentes em equipamentos de uso doméstico como o forno de microondas, o relógio digital, a televisão, a máquina de lavar e, muitos outros. Controlam funções de aparelhos no ambiente de trabalho como do cartão de ponto, das impressoras, do fax, dos telefones etc. Estão presentes também nos painéis dos carros e do elevador, nos caixas e porteiros eletrônicos.

E, apesar destes programas comandarem funções tão básicas, que parecem simples, a tecnologia de gravação destes programas é bastante complexa. Por trás destes controles que programam o tempo de cozimento ou o fechamento automático das portas, existe tecnologia sofisticada de gravação de memórias e circuitos lógicos; profissionais capacitados e, até, o ambiente de gravação tem que ser climatizado e nivelado para manter a qualidade.

O curioso é que além de participar da vida das pessoas de forma tão intensa, a gravação de componentes fez surgir um novo mercado. O elevado nível de especialização exigido para gravar softwares, juntamente com a expansão vertiginosa da utilização de componentes capacitados com estes programas, gerou novas demandas, que também acompanham uma tendência mundial, uma vez que impulsiona o crescimento dos fornecedores capazes de prestar o serviço de gravação dentro dos padrões e normas necessários.

Os fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos têm optado pela terceirização e, com isto, há prestadores deste serviço de gravação de micro-aplicativos na memória dos componentes que registraram perto de 100% de crescimento, apenas no último ano. A boa notícia é que os centros são nacionais, geram empregos e exigem a capacitação para atender tanto às especificações internacionais como o aumento numérico do volume.

Obviamente, a opção destes fabricantes é, acima de tudo, estratégica. Ora, terceirizar serviços tão específicos vai de encontro com a premente necessidade de focar no “core business”. Além disso, é evidente que fica muito caro manter um centro de gravação, com altos padrões tecnológicos e pessoal tão especializado. Para se ter uma idéia, a redução de custos com a terceirização ou outsourcing de gravação de componentes, como o serviço é mais conhecido, chega a 60%, sem falar nos ganhos de qualidade e na eliminação de perdas com refação. Por outro lado, há fornecedores que realmente se especializaram e conseguem garantir elevados níveis de qualidade para que o consumidor, na outra ponta, não tenha problemas com seus aparelhos.

Assim, a opção além de estratégica, diz respeito à sobrevivência industrial propriamente dita, já que evita prejuízos e mantém a competitividade, o que é vital, em uma disputa de mercado cada vez mais acirrada e perante aos percalços causados pelas crises atravessadas pelo País, inclusive às políticas. Outro atrativo para os fabricantes é a flexibilidade e a capacidade de produzir grandes quantidades de componentes.

Finalmente, vale frisar que para se manipular estes minúsculos componentes é preciso dominar a técnica, já que a sensibilidade eletrostática pode danificar o componente. Assim, não basta ter o equipamento e, simplesmente, gravar. É preciso ter profissionais altamente treinados para realizar o serviço, além de ambientes que ofereçam proteção estática e equipamentos e acessórios que atendam às rígidas normas, que vão desde pulseiras e piso até o avental e os dispositivos que anulam a energia estática.

Assim, quando você acionar seu microondas ou abrir sua geladeira, saiba que aquele comando que parece tão simples passou, certamente, por um centro especializado em gravação e que ali também tem alta tecnologia, realizada por profissionais brasileiros capacitados.

Cristina Menezes é gerente do Centro de Gravação da Anacom, tradicional distribuidora de soluções para desenvolvimento de projetos eletrônicos.