O cenário econômico para a indústria catarinense em 2005 não foi animador e seu desempenho, infelizmente, acompanhou essa realidade. As altas taxas de juros e a desvalorização do dólar foram os principais causadores da queda da rentabilidade da indústria catarinense no ano passado. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), de janeiro a setembro de 2005 houve queda de 12% nas vendas reais da indústria em relação ao mesmo período de 2004. A produção industrial, que de janeiro a setembro de 2004 cresceu 10,9%, registrou um crescimento de apenas 0,7% nos mesmos meses de 2005.

As exportações foram outra decepção. No ano passado, Santa Catarina exportou US$ 5,584 bilhões e importou US$ 2,186 bilhões, com crescimento de apenas 1,6% no superávit, índice bem inferior ao nacional, que foi de 33%. O Estado também perdeu participação no valor das exportações brasileiras, caindo da sexta para a oitava posição – a pior colocação desde 1991.

Infelizmente, o esforço fiscal do Governo associado à elevada taxa básica de juros e à moeda supervalorizada seguraram a demanda do ano passado, que foi prejudicada também pela lentidão da liberação de financiamentos para a construção civil e pelo quadro de incerteza provocado pela crise política. O momento é de retração no mercado, o que desafia e exige jogo de cintura por parte dos empresários para saírem dessa tempestade com o mínimo de prejuízos possível. É preciso buscar alternativas para sobreviver aos entraves do mercado e dar a volta por cima.

O planejamento de ações, com metas e estratégias estabelecidas a longo prazo, é uma das alternativas para se antecipar a prováveis crises que possam ocorrer. Isso sem falar no inegável poder da inovação no crescimento e no reposicionamento de empresas no mercado.

A busca de novos mercados, o lançamento de novos produtos e a implementação de estratégias de marketing bem planejadas e alinhadas com os objetivos da empresa podem ser algumas saídas para se prosperar quando a conjuntura do mercado não é favorável. Exemplo disso foi a estratégia adotada em 2005 pela Víqua, indústria de acessórios hidráulicos com sede em Joinville (SC). Investindo em produtos inovadores, como as torneiras em plástico de engenharia, e em prospecção, com o trabalho de uma equipe de comércio exterior, a empresa conquistou novos mercados e encerrou 2005 com crescimento de 31% em relação ao ano anterior. Com os resultados sólidos, as estratégias para 2006 são mais ousadas e têm o objetivo tornar a empresa mais competitiva para crescer ainda mais no mercado externo.

Crescer em período de crise e ainda avançar, buscando novos mercados, é possível quando se tem planejamento e se persegue a inovação e a melhoria constante dos processos e produtos. Para os empresários, mais que um obstáculo, a estagnação do mercado é um desafio e deve ser encarada como uma oportunidade para repensar estratégias e até mesmo superar as metas de crescimento.

Daniel Alberto Cardozo Junior é diretor-presidente da Víqua, de Joinville