Você sabe qual a visão e os objetivos da sua empresa para os próximos anos? Nesse momento a hierarquia não é relevante, mas sim a interação com a companhia. Do gestor ao CEO, você está alinhado com o que a sua empresa pretende alcançar a curto, médio e longo prazos? Está preparado para colaborar com essas conquistas?
O tema parece muito simples, mas infelizmente o mercado mostra que não. A maior parte dos colaboradores não está alinhada com os objetivos da companhia na qual atua e esse fato gera um custo milionário para as empresas, muitas vezes não percebido. Há um tremendo poder no alinhamento e cada organização pode se beneficiar de um maior nível de alinhamento.
A desmotivação, independente do grau, a proteção de interesses próprios, a luta por posições e colegas de trabalho desacreditados refletem uma microgestão que existe em cada empresa. Estas condições negativas somadas, quase invisíveis aos olhos dos gestores, são capazes de drenar lucros.
Um estado de alinhamento está presente quando todo mundo entende e está comprometido com a visão e a estratégia da empresa, se as pessoas certas estão nos cargos certos, com funções certas ou, ainda, se a colaboração entre as diferentes funções e níveis cria o poder que eleva o desempenho da organização. Se esse for o cenário de sua companhia, parabéns.
Para verificar em qual nível sua empresa se encontra é preciso realizar alguns testes de alinhamento. Pesquisas mostram três testes úteis, que podem ajudar a determinar a extensão do alinhamento em uma organização. O “Alinhamento Vertical” é o primeiro e mede o grau em qualquer nível da organização. O segundo, “Alinhamento com visão e estratégia – reação em cascata do topo para os próximos níveis”, mostra a extensão do alinhamento com a visão e estratégia, do topo da organização até as camadas mais baixas de gestão. Já o terceiro, “Alinhamento de sete processos importantes”, determina o alinhamento de cada um dos principais processos dentro de uma empresa.
Vamos começar pelo “Alinhamento Vertical”. Este teste identifica as cinco principais prioridades de cada área de trabalho. Tanto o colaborador como seu gestor direto devem desenvolver suas próprias listas, independentes uma da outra. Depois é importante relatar 100 pontos dentro dessas prioridades, que mostrem a importância de cada uma delas para o sucesso da organização. Raramente ocorre um elevado grau de alinhamento entre as listas. O contrário é detectado na maioria das vezes, ou seja, desalinhamento.
O “Alinhamento com visão e estratégia – reação em cascata do topo para os próximos níveis” envolve uma avaliação feita pelo CEO para determinar o nível de alinhamento de sua equipe com a visão e a estratégia da companhia. Os nomes dos subordinados diretos ao CEO devem estar listados na primeira coluna de uma planilha. A segunda coluna captura a remuneração anual destes colaboradores. Na terceira coluna, o CEO vai responder a seguinte pergunta: "O meu colaborador direto está alinhado com a nossa visão e estratégia?". O tempo todo? A maior parte do tempo? Metade do tempo, de vez em quando ou raramente?
A avaliação pode ser convertida para uma pontuação, mostrando o grau de alinhamento de cada pessoa e da equipe. Embora subjetivo, o teste torna-se um instrumento eficaz de captar o que o CEO já sabe: o estado de alinhamento de seu grupo de trabalho.
Já o “Alinhamento de sete processos importantes” é realizado por meio de um questionário com 14 perguntas, que capturam o grau de alinhamento da organização em sete pontos distintos: foco e direção; execução; alinhamento vertical; alinhamento horizontal (colaboração); alinhamento das competências; alinhamento com os valores e alinhamento das compensações com o desempenho. O questionário é preenchido por uma amostra aleatória de gestores de todos os níveis da empresa e as respostas são calculadas e exibidas em um gráfico de radar. O grau de alinhamento a partir deste teste é detectável a partir do radar. Testes assim já foram implementados em companhias na Espanha, EUA e México para detectar a extensão do alinhamento, que ficou entre 40% e 60%.
Quando o grau de alinhamento é de apenas 40% a 60%, falamos de métrica idêntica para o desalinhamento, isto é, entre 60% e 40%. Trata-se de tempo da força de trabalho gasto em atividades que não agregam valor e não geram resultados efetivos, desperdício invisível de recursos humanos que poderiam somar todo o lucro de uma empresa. No entanto, o custo de desalinhamento vai além de apenas o tempo gasto pelos gestores nas atividades desalinhadas. Duas outras dimensões devem ser consideradas neste custo. A primeira são as despesas reais associadas às atividades não alinhadas realizadas. A segunda é a perda da oportunidade em conservar a energia por meio do incentivo, facilitando a orientação para a equipe e a comunicação para o mercado.
* Riaz Khadem é autor de Alinhamento Total, livro recém-lançado no Brasil. Especialista em alinhamento organizacional e presidente da consultoria norte-americana Infotrac, Inc.