Nem mesmo Nicholas Carr fazia idéia do alvoroço que seu polêmico artigo "IT doesn’t Matter" (TI não importa) iria causar no mundo corporativo, quando foi publicado na Harvard Business Review, ainda no ano de 2003. O trocadilho do nome e o conteúdo do artigo sugerem que a TI não traria vantagens competitivas às empresas, por ser hoje amplamente disponível a todos que queiram fazer uso dela. O artigo tornou-se um livro, cujo título suavizado ("Does IT Matter?") deu a tônica de um debate menos contundente, mas de impacto igualmente grande.
Não demorou muito até os reflexos do "furação Carr" aparecerem. Anualmente, o Gartner Group publica a pesquisa "CIO Agenda", onde 1.400 gestores de TI de 30 países classificam as suas prioridades para o ano seguinte. Em 2004, ano da publicação do livro de Carr, o item "Entregar projetos que possibilitem o crescimento do negócio" aparecia como a 18ª prioridade dos gestores de TI. No ano seguinte, a mesma frase já ocupava a primeira colocação, que manteve na pesquisa de 2006.
Os argumentos de Carr foram amplamente rebatidos e refutados por acadêmicos, visionários e executivos do mundo inteiro, mas o saldo positivo deixado por ele foi um aviso claro: os gestores de TI, mais que nunca, precisam voltar a sua atenção para a geração de valor, e demonstrar ativamente que investir em TI é um bom negócio. A governança de investimentos em TI tornou-se um item de fundamental importância, mas o problema é que não havia padrões específicos para tratar do assunto.
Preocupado com essa questão, o ITGI (IT Governance Institute) encampou uma iniciativa, chamada Val IT, com o objetivo específico de criar uma estrutura de suporte para auxiliar os gestores a avaliar, selecionar, gerir e mensurar o retorno de seus investimentos em TI. A idéia contou com o apoio de empresas, universidades e consultorias, e já produziu seus primeiros resultados. O esforço começou com uma ampla pesquisa realizada em 2005, abrangendo 600 executivos, entre presidentes de empresas e gestores de TI. Um dos resultados chama a atenção: segundo a pesquisa, mais de 30% dos investimentos em TI que visavam ganhos de eficiência tiveram retorno negativo. Isto é, quase um terço dos investimentos deu prejuízo, muitas vezes pela falta de uma análise prévia dos investimentos, baseada em práticas e métodos adequados.
O modelo Val IT, lançado no ano passado, tem o objetivo de preencher essa lacuna. Val IT criou uma estrutura baseada em processos e melhores práticas, com dois focos principais: a decisão de investimento - Estamos fazendo a coisa certa? E a garantia do retorno - Estamos obtendo os benefícios? Os três processos de Val IT (governança de valor, gestão de carteira e gestão de investimentos) são compostos por um total de 40 "melhores práticas", contendo recomendações bastante objetivas de como responder a essas perguntas. Outro elemento bastante enfatizado é a criação de planos de negócios para os investimentos em TI. Este assunto ganhou um documento específico, onde é proposto um modelo de oito fases, que tratam da análise dos fatos, dos benefícios financeiros e não-financeiros esperados e da análise de riscos, entre outros assuntos.
O ITGI é também um dos criadores do modelo CobiT. Val IT foi desenhado especificamente como um complemento ao modelo CobiT, formando um ciclo completo de governança em TI, integrando a visão - interna - dos processos CobiT à visão da carteira de investimentos proporcionada por Val IT. Apesar de CobiT tratar, entre outras coisas, do alinhamento estratégico da TI e da entrega de valor, ainda faltava uma visão de investimentos, que é a linguagem padrão das reuniões nas salas da presidência e nos conselhos de administração. Somando modelos e práticas, surge uma TI mais forte, integrada ao negócio e transparente. O "furacão Carr" até que não foi tão ruim assim.
*Coordenador da Divisão de Consultoria em Governança de TI da LAN Designers - TI Aplicada a Negócios, no Rio de Janeiro.
Não demorou muito até os reflexos do "furação Carr" aparecerem. Anualmente, o Gartner Group publica a pesquisa "CIO Agenda", onde 1.400 gestores de TI de 30 países classificam as suas prioridades para o ano seguinte. Em 2004, ano da publicação do livro de Carr, o item "Entregar projetos que possibilitem o crescimento do negócio" aparecia como a 18ª prioridade dos gestores de TI. No ano seguinte, a mesma frase já ocupava a primeira colocação, que manteve na pesquisa de 2006.
Os argumentos de Carr foram amplamente rebatidos e refutados por acadêmicos, visionários e executivos do mundo inteiro, mas o saldo positivo deixado por ele foi um aviso claro: os gestores de TI, mais que nunca, precisam voltar a sua atenção para a geração de valor, e demonstrar ativamente que investir em TI é um bom negócio. A governança de investimentos em TI tornou-se um item de fundamental importância, mas o problema é que não havia padrões específicos para tratar do assunto.
Preocupado com essa questão, o ITGI (IT Governance Institute) encampou uma iniciativa, chamada Val IT, com o objetivo específico de criar uma estrutura de suporte para auxiliar os gestores a avaliar, selecionar, gerir e mensurar o retorno de seus investimentos em TI. A idéia contou com o apoio de empresas, universidades e consultorias, e já produziu seus primeiros resultados. O esforço começou com uma ampla pesquisa realizada em 2005, abrangendo 600 executivos, entre presidentes de empresas e gestores de TI. Um dos resultados chama a atenção: segundo a pesquisa, mais de 30% dos investimentos em TI que visavam ganhos de eficiência tiveram retorno negativo. Isto é, quase um terço dos investimentos deu prejuízo, muitas vezes pela falta de uma análise prévia dos investimentos, baseada em práticas e métodos adequados.
O modelo Val IT, lançado no ano passado, tem o objetivo de preencher essa lacuna. Val IT criou uma estrutura baseada em processos e melhores práticas, com dois focos principais: a decisão de investimento - Estamos fazendo a coisa certa? E a garantia do retorno - Estamos obtendo os benefícios? Os três processos de Val IT (governança de valor, gestão de carteira e gestão de investimentos) são compostos por um total de 40 "melhores práticas", contendo recomendações bastante objetivas de como responder a essas perguntas. Outro elemento bastante enfatizado é a criação de planos de negócios para os investimentos em TI. Este assunto ganhou um documento específico, onde é proposto um modelo de oito fases, que tratam da análise dos fatos, dos benefícios financeiros e não-financeiros esperados e da análise de riscos, entre outros assuntos.
O ITGI é também um dos criadores do modelo CobiT. Val IT foi desenhado especificamente como um complemento ao modelo CobiT, formando um ciclo completo de governança em TI, integrando a visão - interna - dos processos CobiT à visão da carteira de investimentos proporcionada por Val IT. Apesar de CobiT tratar, entre outras coisas, do alinhamento estratégico da TI e da entrega de valor, ainda faltava uma visão de investimentos, que é a linguagem padrão das reuniões nas salas da presidência e nos conselhos de administração. Somando modelos e práticas, surge uma TI mais forte, integrada ao negócio e transparente. O "furacão Carr" até que não foi tão ruim assim.
*Coordenador da Divisão de Consultoria em Governança de TI da LAN Designers - TI Aplicada a Negócios, no Rio de Janeiro.