Para começar a entender o ERP, é importante sabermos que ele não possui nenhuma ligação direta com a sua sigla. Esqueça a palavra planejamento, ele não faz isso, e esqueça a palavra recurso, um termo descartável.

Mas lembre-se da parte empresarial. Ele serve para integrar todos os departamentos e funções de uma companhia em um sistema de computador, em uma base de dados única e centralizada, que pode servir a todas necessidades particulares de cada um dos diferentes departamentos. Com isso as empresas ganham em velocidade e acuracidade das informações para um adequado gerenciamento de seus recursos.

O sucesso na implantação de um ERP passa pela organização do projeto em etapas. Essas etapas vão desde a preparação da empresa no sentido de minimizar a natural resistência a mudanças, seguindo pela escolha do sistema de informação e a empresa que o implantará e finalizando com os processos de testes, treinamento e avaliação.

Juntamente com as evoluções tecnológicas, o ERP surge com nova terminologia – ERP 2.

O ERP 2 tem como principal característica, além da integração dos sistemas, a ênfase na colaboração comercial que utiliza a internet. Além de desenvolver produtos e formas de comercialização específicas, ele permite ainda o incremento do fluxo de informações entre as corporações interligando sistemas entre elas, mais notadamente módulos do ERP.

Por meio do conceito ERP 2, o papel dos sistemas de gestão é amplificado, o que mostra a evolução contínua da família de sistemas. Se com o surgimento do termo ERP, nos anos 80, o foco era a otimização dos processos internos e o trânsito de informações restritas com entidades externas, como fornecedores, agora quebram-se algumas barreiras e é tênue a linha entre as ações internas e externas. Afinal, para que manter estoques de insumos dentro da sua fábrica quando um parceiro pode realizar entregas sob demanda de acordo com a necessidade da produção?

A filosofia presente no ERP 2 é possível graças à disseminação em larga escala da Internet, principal estrada para que o envio e o recebimento de dados aconteça na dinâmica do tempo real. Assim como foi alimentada pela forma globalizada com a qual a economia mundial atualmente trabalha.

A idéia de reunir empresas de um mesmo setor – um bom exemplo na Web são os chamados marketplaces – para transacionar, dividir insumos e informações é a soma disto, e só é possível graças ao controle e a integração dos sistemas de gestão com os outros softwares.

Na segunda metade da década de 90 a moda entre os fornecedores era voltar o seu ERP para a Internet, fazendo com que os módulos pudessem ser atualizados pela grande rede e que trabalhadores remotos conseguissem acessar e alimentar o sistema por ela. As possibilidades que se abriram então foram amplas e não devem cessar. Como podemos comprovar com o uso de web services como conectores entre os sistemas.

Por meio dos web services, as informações de um despachante aduaneiro localizado na Europa alocadas em um ERP podem ser lidas na Internet com facilidade por um transportador localizado no Sul do Brasil, sem que para isso este último possua o mesmo sistema de gestão.

A integração, em especial a de perfil externa, ganha assim um aliado poderoso que muito em breve vai ser tão comum quanto o uso de um browser, o sistema que permite entrarmos em diferentes sites como o Explorer. O resultado é que já é comum que os sistemas de ERP tenham uma orientação para operar em browser na Internet.

Não espere revolucionar seus negócios com o ERP. A implantação dele requer uma reorganização na forma como as coisas funcionam mais internamente na sua empresa do que externamente com clientes, fornecedores ou parceiros. Mas, para quem tem paciência, esse é um projeto que irá auxiliar no grau de competitividade da empresa.

De qualquer forma, os benefícios que podem ser obtidos se a empresa tiver maturidade para aceitar as mudanças e se adequar a elas, são bem maiores que as desvantagens. O ERP 2 é um avanço que com certeza agrega valor a uma empresa e a coloca na estrada da informação que interliga fornecedores a clientes espalhados na cadeia de suprimentos.

Gelson Petuco é gerente de Projetos da SPM-ti Informática