A atual administração municipal de Porto Alegre herdou, com os telecentros, uma iniciativa importante para o objetivo de promover a inclusão digital e afastar o jovem do crime e da violência, com perspectiva de emprego e renda. Uma idéia esplêndida. Mas, na prática, o programa agonizava, sem condições ou recursos para continuar. De concreto, somente a luta da comunidade para não perder tão valiosa conquista.

Idéias não são metais que se fundem, diz o refrão. Mas é preciso implantá-las, com ações fortes de planejamento, organização e equipe de trabalho consciente e preparada. Buscar recursos é fundamental. Tudo em conformidade com a lei, para assegurar que a herança tão fragilizada se tornasse hoje, dois anos e meio depois, uma das mais importantes realizações do governo Fogaça, que prega a preservação de conquistas. O relatório da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Urbana mostra que as unidades do Programa Telecentros - criado em 2001', ao chegarmos, em 2005, estavam em situação que beirava o caos. Apenas 16 tinham convênio legalizado com a prefeitura para o repasse de recursos, de acordo com a lei 8.666/93.

Os contratos da época previam contratações com encargos trabalhistas, gerando processos de vínculo com as associações de bairro, perpetuações na atividade e atrasos nos pagamentos, pelos trâmites mensais de documentação. A situação mudou, com o convênio firmado com o CIEE (Centro Integrado de Empresa'Escola) que passou a contratar estagiários como monitores, com prazo máximo de dois anos, abrindo espaço para outros jovens, agilizando o pagamento e facilitando o trabalho da entidade comunitária parceira. Hoje, são 34 unidades em perfeito funcionamento. Telecentro não é apenas um lugar para se ter iniciação à informática e acesso à Internet.

É muito mais. Tem formação, conforme convênio com a Fundação Pensamento Digital, para qualificação dos monitores; encaminhamento ao mercado de trabalho, pela parceria com a Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet - Assespro; e qualificação pedagógica, conforme convênio com o governo do Estado, para encaminhamento aos cursos técnicos do pós-médio da rede de ensino. É assim que promovemos inclusão social, pela inclusão digital, para que nossos jovens possam chegar à universidade.

* Kevin Krieger é secretário municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana