Com o tempo e envolvimento em atividades de relevante importância, a tendência é que nossas queixas aumentem, que elas fiquem com uma vontade própria e quase incontrolável de tomar forma, expressão. A saída é a resignação, que desenvolve a paciência e fortalece o pensamento para que nossa energia não seja mal utilizada. É possível lembrar de um grande pensador por suas reclamações? Grandes cientistas, personalidades, mártires, heróis, pessoas que construíram grandes obras em suas vidas, eles são lembrados por suas dúvidas, suas angústias, incertezas, medos? Não, todos os personagens que forjaram a evolução de nossa sociedade são hoje reconhecidos porque souberam resolver o maior número possível de problemas de acordo com sua própria consciência, com ajuda de muitos, mas sob tutela de suas próprias inspirações, tiveram força para superar momentos de dificuldades e fizeram valer seu poder de ação, de construção, deram valor ao seu trabalho, à vida.
Tudo ao seu tempo, cada um no seu tempo, mas que esse tempo não passe junto à inércia. É preciso que estejamos sempre dispostos à ação, que cada um descubra seu papel perante a imensidão de coisas a serem feitas, criadas, propostas, mudadas. De nada vale uma opinião escondida, uma vontade deixada para depois, não adianta saber da solução se ela for apenas teórica, é preciso tomar forma.
Nessa próxima eleição de outubro já é possível perceber que muita coisa mudou, candidaturas sob forte vigilância na prestação de contas, diversas proibições de comunicação visual e discursos menos ousados. O maior número da história de deputados federais acusados e sob forte investigação, redes de corrupção sendo desmanchadas e velhas raposas da política tendo seu tempo esgotado no cenário político do país. Chega uma hora que fica difícil esconder a falcatrua, a verdade vai aparecendo e aniquilando a inércia, a ineficácia. Isso só é possível porque há ação, aos poucos e em seu tempo, o destino das imperfeições é a correção, a evolução.
Quanto mais pessoas com poder de discernimento e certo nível de intelectualidade atuarem em seus devidos segmentos, seja na comunicação, construção civil, política, novas tecnologias, cenário acadêmico, medicina, arquitetura, meio artístico, enfim, quanto mais pessoas colocarem em prática suas idéias e diferentes formas de ação, menor será a chance de outras pessoas incapazes e desprovidas de valores humanos venham a nos governar, ditar regras e sucumbir nossa ação a vontades e desejos antagônicos com o interesse coletivo.
Cada um possui poder pessoal suficiente para calar suas queixas e dar vazão ao imenso fluxo de idéias e perspectivas frente às dificuldades que não tendem a parar de aparecer. Podemos ser reconhecidos pela justifica de nossa ineficácia, nossas lamentações, ou por algo que construímos com base em nossa mais íntima intuição, aquela vontade de fazer alguma coisa pra mudar alguma coisa, de criar alternativas e fazer valer nosso precioso tempo de ação.
Luciano Suminski é diretor da Via Mais Comunicação e Marketing