Por que o processamento de eventos complexos (CEP), já é uma tendência irreversível? Sem risco de exagero, podemos afirmar que toda a inteligência de dados, utilizada nas mais modernas corporações do planeta, já é insuficiente para dar conta da crescente complexidade e velocidade das transações que acontecem no dia a dia dos negócios.
E não tratamos aqui apenas das conexões internas de cada empresa, mas principalmente naqueles múltiplos entroncamentos lógicos que são ocasionados pela conexão cada vez mais complexa e necessária nas diversas cadeias de negócios.
Se até poucos anos atrás a circulação de uma peça de carro na linha de montagem tinha seu monitoramento seccionado nos pontos de entrada (alimentação), processo e inclusão no todo, hoje, a tecnologia de RFID (Radio-Frequency IDentification) propicia o monitoramento “instante a instante” desta mesma peça, trazendo uma fantástica capacidade de tracking para todos os gestores responsáveis pela tomada de decisão de negócios ligados à cadeia produtiva.
Mas esta mesma tecnologia, que propicia uma facilidade, também obriga o usuário a correlacionar o fluxo daquela peça com o de milhares de outras, e com uma ampla gama de informações, geradas por outros sistemas de abordagem do negócio, que vão do controle de estoque às estratégias de parada para a preparação das máquinas-ferramentas.
A consequência é que, ao se ter a visibilidade de todo o fluxo de uma determinada peça ou componente, também passa a ser relevante considerar as constantes modificações do impacto financeiro deste fluxo e suas implicações em termos de alocação de mão de obra ou recursos de controle de qualidade. O gerenciamento do negócio, em suas múltiplas facetas, passa a ser muito mais complexo e dinâmico.
Um caminhão que parte da garagem, antes um evento isolado a ser acompanhando pelo software logístico e reportado em planilhas, é hoje uma ínfima parte da grande cadeia de relacionamentos on-line, tal como a descrita acima para a peça ou componente de um carro na linha de montagem.
E o mesmo se pode dizer de toda a imensa quantidade de eventos que compõem o dia a dia de uma empresa.
É desta complexidade e velocidade de milhares de micro-acontecimentos correlacionados que a tecnologia CEP (Complex Event Processing – Processamento de Eventos Complexos) avança rapidamente nas grandes corporações, e se sobressai sem dúvida como realidade irreversível nos próximos anos.
Posicionado na vanguarda, até por sua complexidade e velocidade muito superior à média das demais indústrias, o setor financeiro mundial já vem assimilando rapidamente este fenômeno. Em todo o mundo, os bancos, as corretoras, fundos de investimentos e instituições afins começam a adotar em massa a tecnologia de CEP para a automação de negócios em altíssima freqüência, através da construção de algoritmos que incorporam lógicas de negócio baseados em estratégias de competitividade previamente modeladas pelos seus mais habilidosos e brilhantes negociadores e engenheiros de finanças.
No Brasil como em toda parte, já se prevê que não haverá lugar para os players do mercado financeiro baseados em inteligência analógica e alguns dos principais competidores brasileiros já estão aderindo às estratégias baseadas em eventos complexos.
Exemplos disto são inúmeros. Citemos os casos da Ágora, Finabank, Alpes, e tantas outras, cuja inteligência de negócio e cuja enorme rapidez em processos de negociação de ativos financeiros começam a se cristalizar em modelos matemáticos de alta complexidade e velocidade de resposta. Ou, em outras palavras: em competitividade superior já reportada por seus próprios relatórios de desempenho.
É esta a base sobre a qual se sustentam as mais arrojadas estratégias de identificação de oportunidades isoladas de negócios on-line naqueles contextos de negócio em que comparecem milhares de informações – e também milhares de ruídos informacionais indesejáveis – que são a característica central do mercado de ativos financeiros.
Um efeito colateral da utilização da tecnologia CEP é, aliás, a sua própria imposição como modelo obrigatório para todos os competidores daquele segmento em que ela se instala. Uma corretora desprovida de algoritmos terá um nível bem mais alto de exposição ao risco e um baixo desempenho, compatível com sua lentidão e sua limitação para a correlação de fenômenos on-line que determinam o valor real dos ativos, na comparação com os players mais aparelhados. E de nada adianta apelar para algoritmos padrão, ou simples modelos repetitivos e, portanto, já dominados e superados pela concorrência.
O mesmo irá acontecer com a companhia aérea, cuja campanha relâmpago para a venda de passagens promocionais no balcão – que deve ser detonada em algum preciso instante - terá de levar em conta os múltiplos dados atemporais e desconexos, como seu nível de vendas on-line, o movimento real de passageiros nos diversos aeroportos, a flutuação intra-dia do petróleo, a cotação dos juros futuros e a avaliação atual do setor aéreo pelas agências de rating.
Assim como no exemplo do RFID aplicado à manufatura, que ocasiona a necessidade de um total realinhamento das bases de TI da indústria para que daí se retire os benefícios da nova tecnologia, é certo que a adoção do CEP irá desencadear uma completa revisão das estruturas de organização e roteamento de dados nas empresas. Sejam elas do setor financeiro, sejam elas de mineração, exportação, governo ou nas universidades.
Surge assim uma nova gama de oportunidades para desenvolvedores e integradores de sistemas, que deverão ser convocados para a análise das plataformas legadas e a projeção e execução dos ajustes impostos pela nova onda de automação com base em CEP.
É hora, portanto, de uma preparação geral dos fornecedores de TI para esta nova janela de oportunidade. De antemão, é possível prever que os mais bem sucedidos na empreitada serão aqueles que conseguirem ajudar os gestores de negócio – dos mais diferentes segmentos – a entender claramente seus processos para a construção de estratégias efetivamente sólidas e competitivas.
* Luiz Cláudio Menezes é presidente da Progress Software do Brasil
E não tratamos aqui apenas das conexões internas de cada empresa, mas principalmente naqueles múltiplos entroncamentos lógicos que são ocasionados pela conexão cada vez mais complexa e necessária nas diversas cadeias de negócios.
Se até poucos anos atrás a circulação de uma peça de carro na linha de montagem tinha seu monitoramento seccionado nos pontos de entrada (alimentação), processo e inclusão no todo, hoje, a tecnologia de RFID (Radio-Frequency IDentification) propicia o monitoramento “instante a instante” desta mesma peça, trazendo uma fantástica capacidade de tracking para todos os gestores responsáveis pela tomada de decisão de negócios ligados à cadeia produtiva.
Mas esta mesma tecnologia, que propicia uma facilidade, também obriga o usuário a correlacionar o fluxo daquela peça com o de milhares de outras, e com uma ampla gama de informações, geradas por outros sistemas de abordagem do negócio, que vão do controle de estoque às estratégias de parada para a preparação das máquinas-ferramentas.
A consequência é que, ao se ter a visibilidade de todo o fluxo de uma determinada peça ou componente, também passa a ser relevante considerar as constantes modificações do impacto financeiro deste fluxo e suas implicações em termos de alocação de mão de obra ou recursos de controle de qualidade. O gerenciamento do negócio, em suas múltiplas facetas, passa a ser muito mais complexo e dinâmico.
Um caminhão que parte da garagem, antes um evento isolado a ser acompanhando pelo software logístico e reportado em planilhas, é hoje uma ínfima parte da grande cadeia de relacionamentos on-line, tal como a descrita acima para a peça ou componente de um carro na linha de montagem.
E o mesmo se pode dizer de toda a imensa quantidade de eventos que compõem o dia a dia de uma empresa.
É desta complexidade e velocidade de milhares de micro-acontecimentos correlacionados que a tecnologia CEP (Complex Event Processing – Processamento de Eventos Complexos) avança rapidamente nas grandes corporações, e se sobressai sem dúvida como realidade irreversível nos próximos anos.
Posicionado na vanguarda, até por sua complexidade e velocidade muito superior à média das demais indústrias, o setor financeiro mundial já vem assimilando rapidamente este fenômeno. Em todo o mundo, os bancos, as corretoras, fundos de investimentos e instituições afins começam a adotar em massa a tecnologia de CEP para a automação de negócios em altíssima freqüência, através da construção de algoritmos que incorporam lógicas de negócio baseados em estratégias de competitividade previamente modeladas pelos seus mais habilidosos e brilhantes negociadores e engenheiros de finanças.
No Brasil como em toda parte, já se prevê que não haverá lugar para os players do mercado financeiro baseados em inteligência analógica e alguns dos principais competidores brasileiros já estão aderindo às estratégias baseadas em eventos complexos.
Exemplos disto são inúmeros. Citemos os casos da Ágora, Finabank, Alpes, e tantas outras, cuja inteligência de negócio e cuja enorme rapidez em processos de negociação de ativos financeiros começam a se cristalizar em modelos matemáticos de alta complexidade e velocidade de resposta. Ou, em outras palavras: em competitividade superior já reportada por seus próprios relatórios de desempenho.
É esta a base sobre a qual se sustentam as mais arrojadas estratégias de identificação de oportunidades isoladas de negócios on-line naqueles contextos de negócio em que comparecem milhares de informações – e também milhares de ruídos informacionais indesejáveis – que são a característica central do mercado de ativos financeiros.
Um efeito colateral da utilização da tecnologia CEP é, aliás, a sua própria imposição como modelo obrigatório para todos os competidores daquele segmento em que ela se instala. Uma corretora desprovida de algoritmos terá um nível bem mais alto de exposição ao risco e um baixo desempenho, compatível com sua lentidão e sua limitação para a correlação de fenômenos on-line que determinam o valor real dos ativos, na comparação com os players mais aparelhados. E de nada adianta apelar para algoritmos padrão, ou simples modelos repetitivos e, portanto, já dominados e superados pela concorrência.
O mesmo irá acontecer com a companhia aérea, cuja campanha relâmpago para a venda de passagens promocionais no balcão – que deve ser detonada em algum preciso instante - terá de levar em conta os múltiplos dados atemporais e desconexos, como seu nível de vendas on-line, o movimento real de passageiros nos diversos aeroportos, a flutuação intra-dia do petróleo, a cotação dos juros futuros e a avaliação atual do setor aéreo pelas agências de rating.
Assim como no exemplo do RFID aplicado à manufatura, que ocasiona a necessidade de um total realinhamento das bases de TI da indústria para que daí se retire os benefícios da nova tecnologia, é certo que a adoção do CEP irá desencadear uma completa revisão das estruturas de organização e roteamento de dados nas empresas. Sejam elas do setor financeiro, sejam elas de mineração, exportação, governo ou nas universidades.
Surge assim uma nova gama de oportunidades para desenvolvedores e integradores de sistemas, que deverão ser convocados para a análise das plataformas legadas e a projeção e execução dos ajustes impostos pela nova onda de automação com base em CEP.
É hora, portanto, de uma preparação geral dos fornecedores de TI para esta nova janela de oportunidade. De antemão, é possível prever que os mais bem sucedidos na empreitada serão aqueles que conseguirem ajudar os gestores de negócio – dos mais diferentes segmentos – a entender claramente seus processos para a construção de estratégias efetivamente sólidas e competitivas.
* Luiz Cláudio Menezes é presidente da Progress Software do Brasil