O CMMI equivale a um selo de qualidade, um modelo para avaliação e estabelecimento de uma direção para a melhoria do processo de desenvolvimento de software. A utilização de ferramentas adequadas facilita a implantação do CMMI, auxilia a organização a manter a institucionalização dos processos, ajuda a manter a homogeneidade do processo de desenvolvimento e na manutenção de projetos.
Podemos relatar um caso de sucesso na implantação do CMMI utilizando ferramentas desenvolvidas pela própria empresa. O nível 2 foi atingido em uma organização da empresa Microsiga fornecedora de um Sistema Integrado de Gestão (ERP), denominado Protheus. As ferramentas utilizadas são módulos do próprio sistema Protheus, com exceção da ferramenta de gestão de configuração. Essas facilitaram a implantação do modelo na organização.
O módulo Project Management System (PMS) do Protheus, automatiza o gerenciamento de projetos em todas as suas etapas. Do planejamento à conclusão, cada passo do projeto é monitorado e controlado com a indicação do progresso do trabalho realizado, relacionando custos, prazos e o a realização de trabalhos técnicos, possibilitando levantar tendências e evolução de custos e prazos. Esta ferramenta fornece um apoio excelente na implementação e institucionalização das áreas de processo de planejamento de projeto (PP) e de monitoração e controle de projeto (PMC).
A utilização desta ferramenta permite a criação de um ambiente colaborativo, onde são controladas todas as informações do produto e do projeto mantendo assim um relacionamento próximo entre operações de engenharia, produção, controle físico e financeiro dos projetos. Possui uma grande flexibilidade, podendo ser utilizada em diferentes tipos de projetos como de desenvolvimento internos e externos, de manutenção, entre outros. A ferramenta permite fazer, com facilidade, diversos acompanhamentos do projeto conforme previsto no modelo CMMI, como os dos cronogramas físicos e financeiros.
Outras ferramentas utilizadas foram as de Controle de Documentos (QDO), que armazena e gerencia os documentos da qualidade; e a ferramenta de Controle de Auditoria (QAD) que mantém as listas de verificação, os planos, os resultados e as conclusões das auditorias. Esta ferramenta gerencia auditorias para realização de procedimentos, testes, manutenções e melhorias.
A ferramenta de Controle de Não-conformidades (QNC) proporciona subsídios suficientes para o controle previstos pelo PPQA - Process and Product Quality Assurance. Este ambiente, especificamente, abrange as informações pertinentes ao controle das não-conformidades encontradas, cataloga as deficiências e os problemas encontrados no desenrolar dos procedimentos, gerencia os processos e o follow-up das etapas de realização das ações decorrentes, sejam elas corretivas, preventivas ou de melhorias.
Estas ferramentas tornaram muito simples a implementação da área de processo de Garantia de Qualidade de Produto e Processo (PPQA).
Na implementação da área de processo de gerenciamento de configuração (CM), a ferramenta utilizada foi a Microsoft Source Safe®. Ela serviu para gerenciar e rastrear atualizações dos arquivos fonte durante o projeto. É nesta ferramenta que são armazenados os documentos e onde são geradas as baselines dos projetos.
Outra ferramenta é utilizada para identificação, análise e monitoração dos riscos, planejamento do envolvimento dos stakeholders por fase do ciclo de vida e cálculo de estimativas de esforço. Além de identificar os stakeholders, é possível avaliar o seu grau de envolvimento por fase do ciclo de vida.
No tratamento dos riscos, a ferramenta permite que os mesmos sejam selecionados, qualificados e quantificados a partir de um template com os riscos mais comuns. Apresentando a classificação por risco, classificação geral do projeto e gráficos.
Já no Cálculo de Esforço, a ferramenta permite que sejam incluídos os componentes de produtos de trabalho, estimados de acordo com atributos e complexidade e, a partir de dados históricos, é capaz de fornecer a estimativa do esforço.
A Fundação Vanzolini, entidade criada pelos professores do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, teve papel fundamental de apoio à implementação do modelo CMMI por meio de sua equipe de qualidade de software.
O caminho da qualidade , para uma empresa que incorpora seus conceitos com seriedade, é sem volta. É como um grande transatlântico que segue em frente, e ninguém consegue segurar.
(*) Marcelo Schneck de Paula Pessôa é engenheiro eletricista, especialista em Qualidade de Software, professor doutor do Depto. de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP e presidente da Fundação Vanzolini. O artigo foi originalmente escrito a quatro mãos com Sarah Kohan, bacharel em Ciência da Computação, mestranda em Tecnologia da Informação e consultora de CMMI na Fundação Vanzolini.