Dentre as várias confusões hoje existentes no mercado de gestão de processos, nenhuma se compara à existente entre as tecnologias de BPM e Workflow. É comum vermos afirmações errôneas, até mesmo mal-intencionadas, sobre a comparação entre elas. Para alguns, são apenas nomes diferentes para a mesma tecnologia. Outros dizem, vagamente, que o BPM é o workflow "moderno", sem no entanto entender a real diferença que existe entre elas. E alguns, por mais incrível que possa parecer, afirmam até mesmo que a tecnologia de workflow está superada.

Em nosso ponto de vista, esta confusão é alimentada pelos seguintes fatores:

   1. A própria definição de BPM ainda é nebulosa para a maioria das pessoas.
   2. Há diversos fabricantes de ferramentas de workflow que passaram a denominar-se, subitamente, fabricantes de ferramentas de BPM, ainda que seus softwares não atendam os requisitos de um BPMS (vide artigo principal).
   3. Os mesmos fabricantes tentam "desprestigiar" a tecnologia de workflow, negando o seu valor e citando falsas limitações da tecnologia.

Para começar a esclarecer esta questão, vamos começar fazendo uma comparação do que estas tecnologias podem oferecer para a gestão de processos. A tabela abaixo mostra os recursos que cada uma delas oferece:
 

 

Workflow

BPM

Modelagem de Processos

Sim

Sim

Automação de Processos

Sim

Sim

Integração com Sistemas

Sim

Sim

Garantia da Integridade do Processo

Sim

Sim

Monitoramento do Processo

Sim

Sim

Análise do Desempenho do Processo

Sim

Sim


Surpresa! Nesta primeira análise, ficam evidentes as grandes semelhanças entre Workflow e BPM. Afinal, ambos atingem essencialmente os mesmos objetivos: modelar, automatizar, monitorar e analisar o desempenho de processos, conectando pessoas e sistemas.

Isso significaria que BPM e Workflow são a mesma coisa? Ou, ainda, que as diferenças entre ambos são apenas cosméticas?

Eis aí a questão. O ponto-chave na comparação entre Workflow e BPM não é o que estas tecnologias fazem, mas sim como fazem. Ou seja: os objetivos e as possibilidades das tecnologias são muito similares. A real diferença reside em como estes objetivos e possibilidades são alcançados. De forma geral, a tecnologia de BPM permite um grau maior de flexibilidade e sofisticação nas soluções de gestão de processos, acelerando o desenvolvimento, reduzindo o esforço de manutenção e preservando o investimento a mais longo prazo.

A tabela abaixo ilustra as principais diferenças em como as tecnologias de BPM e Workflow atendem alguns aspectos-chave de uma solução de gestão de processos:
 

 

Workflow

BPM

Recursos de Modelagem

3Rs (Roles, Routes, Rules)

3Rs, Simulação, Documentação extensiva

Técnica de Modelagem

Técnicas proprietárias

BPMN, BPEL e/ou BPML

Integração com Sistemas

Através de codificação

Através de padrões como SOAP e JCA e de adaptadores out-of-the-box

Regras de Negócios

Codificadas ou parametrizadas em aplicação específica

Definidas de forma declarativa em um BRM (Business Rules Management)

Análise do Desempenho do Processo

Através de relatórios e gráficos sobre o modelo de dados do Workflow

Através de ferramentas de BAM (Business Activity Monitoring)

Plataforma de execução (SO, BD, AS)

Geralmente vinculado a uma plataforma

Geralmente multi-plataforma


Um ponto fundamental: quanto mais complexo for o processo a ser gerenciado, maior será o benefício em utilizar BPM. Em cenários menos complexos, a diferença em como as tecnologias atendem estes aspectos-chave pode ser praticamente irrelevante.

Neste contexto, certamente veremos que, a partir de agora, os processos mais complexos passarão a ser atendidos pela tecnologia de BPM (pois seus diferenciais serão valorizados), enquanto os demais processos continuarão a ser atendidos com tranquilidade pela tecnologia de workflow. Por estas razões, engana-se quem acredita que o BPM virá substituir o workflow. O que teremos é um longo e feliz convívio entre estas tecnologias.

(*) Vinícius Amaral é diretor de Tecnologia da iProcess