A Governança Corporativa possui quatro princípios básicos (transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa) e tem sido a aposta dos CEOs quando o assunto é aumentar o valor da empresa e sua perenidade.
Para dar suporte a esses princípios, as empresas têm feito grandes investimentos para a adoção de controles internos e a Tecnologia da Informação está dentro deste contexto.
O mercado possui muitas metodologias e frameworks para a Governança de TI, que convergem para o sucesso da Governança Corporativa. Os mais conhecidos são a ITIL (Information Technology Infrastructure Library), o BSC (Balanced Score Card), ISO 20000, Cobit, Six Sigma, PMI, entre outros. Entre esses, uma das mais comentadas nos últimos dois anos é a ITIL.
A ITIL é um conjunto de melhores práticas para o gerenciamento de TI, consagrado como caminho seguro e bem sucedido na busca por níveis mais elevados de desempenho. Criada no final da década de 80, pela OGC (Office of Government Commerce); tem como premissa que todos os tipos de negócios são dependentes da área de TI e visa aumentar a qualidade dos serviços, a previsibilidade do comportamento e a diminuição do custo alocado. Sua atualização e divulgação no Brasil é feita pelo itSMF (Information Technology Service Management Forum).
Uma pesquisa realizada em 2007, mostra que o mercado brasileiro reconhece a necessidade de investir em Governança de TI e que, apesar da multidiciplinaridade na adoção dos métodos e frameworks, a ITIL é a preferida dos brasileiros.
A pesquisa revela que 83% das empresas nacionais investem em modelos de governança e dessas, 23% utilizam a ITIL para melhorar suas operações; seguida do Cobit (16%) e o BSC (11%).
Entretanto, implementar Governança de TI não é tarefa fácil. O Brasil é um país onde prevalece a criatividade, a liberdade e essa informalidade natural contrapõe com a rigidez da Governança. Por outro lado, essa mesma característica cultural tem sido o requisito que leva à preferência pela ITIL. Ela mostra o “que” deve ser feito, sem a obrigatoriedade do “como” deve ser feito, permitindo exercer criatividade e liberdade ao adaptar o framework à realidade da organização.
Sua implantação não requer nenhuma metodologia específica, mas alguns pontos devem ser considerados:
- ITIL é um projeto de mudança organizacional
- O envolvimento da alta direção e um plano de comunicação eficaz
- Participação de Profissionais Capacitados
- Investimentos financeiros
- Processo de mudança longo
Felizmente as dificuldades não se sobressaem aos benefícios esperados e podem ser percebidos em até 90 dias após sua implantação. As pesquisas registram os seguintes índices:
Variável de desempenho
Resultado obtido
Disponibilidade dos Sistemas
Incremento de 10% na disponibilidades dos sistemas de TI
Custo de Propriedade
Redução de 10% no custo total de propriedade
Capacidade de Processamento
Redução de 15% da capacidade disponível
Prazo de Mudança
Redução de 25% no tempo necessário para a conclusão das mudanças
Prazo de Reparo
Redução de 80% no tempo para a realização de reparos decorrentes de incidentes
Volume de Mudanças
Redução de 50% da quantidade de mudanças urgentes e dispendiosas
Volume de Incidentes
Redução de 30% na quantidade de incidentes
*Fonte: livro “Gerenciamento de Serviços de TI na Prática”, de Ivan Luizio Magalhães e Walfrido Brito Pinheiro
Entre os resultados esperados, percebe-se o aumento da eficiência de TI e elevação da produtividade; redução dos custos operacionais e otimização da utilização dos equipamentos e pessoal de TI; diminuição do time-to-market para produtos e serviços; e melhoria na gestão financeira de TI.
Os benefícios acima, além de inserirem na organização uma cultura de melhoria contínua da qualidade na área de TI, refletem diretamente sobre o retorno do investimento.
Cientes das dificuldades e dos benefícios da implementação da ITIL, elaborar um projeto transparente e de fácil visualização dos resultados que cresça aos olhos dos CEOs e mereça a atenção e investimento, é um desafio aos gestores de TI.
Apesar da preferência brasileira pela ITIL, o importante no processo de Governança de TI é dar o primeiro passo, visto que trata-se de um caminho sem volta e inevitável para as empresas que desejam não só permanecer no mercado, mas se destacar frente à concorrência.
Adriana Carneiro Brandão é Gerente de Operações da Dimension Data no Brasil