Essa é a questão! Mas não devia ser, como também não deveria ser o ROI (Return on Investment, ou Retorno Sobre o Investimento) de um ERP (Enterprise Resource Planning, ou Sistema Integrado de Gestão), que frequentemente não tem ROI, pelo menos um ROI tangível. Por que não deveria ser a questão? Pela simples razão que um ERP hoje está mais perto da infra-estrutura do que da gestão. É como os fios da sua rede telefônica, dos quais você só sente a importância quando tira o telefone do gancho e percebe que está mudo.

Quando não se falava em gestão por processos e não existiam soluções integradas ou integráveis, as empresas estruturavam departamentos enormes de processamento de dados, que se desdobravam para, com mais ou menos eficiência e mais ou menos custos, processar as informações ditas transacionais, como compras, pedidos, vendas, livros fiscais, contas a pagar e a receber. Além disso, produziam relatórios ou planilhas para oferecer algum material de gestão para a empresa.

Essa era a vida das indústrias 15 anos atrás e a de muitas empresas de varejo ainda hoje. Não vamos nos deter no porquê do varejo não ter se movimentado como a indústria, para não alongar demais o artigo.

Apesar de terem reduzido seus preços, os ERPs geralmente ainda custam caro e provocam mudanças profundas na empresa, que ocorrem juntamente com algum transtorno operacional e organizacional durante sua implementação. Isso assusta algumas empresas, que acabam escolhendo o pior momento para implementá-lo: quando já "bateram a cabeça no teto" e não conseguem mais crescer sem que os custos cresçam de modo exponencial. É verdade que nessa situação é mais fácil "vender" um projeto dessa magnitude internamente, mas a transformação e o risco serão muito maiores.

Por outro lado, gastar seus preciosos recursos humanos e inteligência para manter, conciliar e estruturar informações operacionais em vez de utilizar esses mesmos recursos para melhorar a gestão da empresa é algo que freqüentemente ninguém mede. Na sua empresa, você ainda usa recursos internos para manter a rede de telefone? Ou mesmo a rede de dados? Provavelmente não, mas, há algum tempo, era assim. É a mesma coisa com o ERP. É por isso também que é difícil calcular um ROI. Esses benefícios não são facilmente tangibilizáveis.

Então, se você, como gestor, está preocupado com o futuro da empresa, com a escalabilidade (capacidade de crescer só agregando custos marginais) dos seus processos, com o uso inteligente dos seus recursos humanos, mais na gestão e menos na operação da empresa, está na hora de pensar em instalar uma rede telefônica, ou melhor, um ERP.

Um último recado: reveja antes seus processos operacionais e encare o projeto de maneira correta, como uma jornada transformadora.

* Marcio Feres é sócio-diretor da GS&MD