Benjamin Disraeli, escritor e político britânico (1804-1881), disse certa vez: “Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas”. Já Dan Tynan em um recente artigo de tecnologia disse que precisamos trabalhar os números como uma maneira de mantermos um determinado projeto de tecnologia nos planos da empresa e parafraseou Disraeli: “Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e cálculos de retorno sobre investimento em projetos de TI”.
Contei isso a um fornecedor de hardware, é de chorar de rir, literalmente!
Mas não vamos falar apenas de retorno sobre investimento (ROI), pois é mais uma das diversas variáveis sob o guarda-chuva de um gerente ou diretor de tecnologia de informação e comunicação. Proponho uma discussão em outra seara, a da gestão de projetos.
Quais são realmente os fatores críticos de sucesso para um projeto de TI bem sucedido?
Uma busca no Google, sem dúvida, traria mais resultados do que sou capaz de responder. Mas fazendo essa pergunta a nós mesmos, é provável que rapidamente iremos nos remeter a outras questões, como saber quais são os objetivos de TI da organização e quais são os objetivos de negócio também, para em seguida pensarmos em uma estratégia de “alinhamento” entre TI e negócios.
Vinicius Cherobino escreveu um artigo ano passado intitulado: “Chega de alinhar TI ao negócio: Você está pronto para a nova TI?”. Neste mesmo artigo citou Mark McDonald, o então vice-presidente de programas executivos do Gartner para a América Latina, quando disse que a época em que a palavra de ordem era “alinhar”, acabou! Pois ao dizer alinhar está colocada a possibilidade de dois objetivos distintos, e obviamente não se trata disso, os objetivos de TI não precisam se alinhar aos do negócio, são os do negócio!
Relembro uma apresentação do IDC – International Data Corporation, alguns anos atrás onde afirmavam que os gerentes e diretores de TI lidavam com as mesmas preocupações do negócio que outros gestores, com desafios adicionais de TI. Achei ideal, pois as primeiras preocupações de todos os gestores de uma organização precisam ser aquelas do negócio, porém o nosso desafio será na área tecnológica, gerindo os recursos tecnológicos, humanos, financeiros, entre diversos outros.
O grande desafio, ou o primeiro desafio, é pessoal. Pois são poucas as outras funções corporativas para a qual são necessárias constantes readequações ou incorporações tão freqüentes de habilidades, competências e responsabilidades, ou seja, como disse Jedey Miranda no inicio de 2008, então diretor de TI para América Latina da Eaton, um profissional que tenha de remodelar-se por completo em ciclos cada vez mais curtos.
Apenas depois de vencido esse ponto podemos descer um andar e pensar a gestão das atividades e recursos de um projeto de tecnologia.
Não sou o mais indicado para discutir metodologias de gestão de projetos, ou de governança de TI, mas podemos afirmar que metodologias como PMI, SCRUM, ITIL (que está mais para abordagem e padrão do que para metodologia), entre outras, são poderosas aliadas para a condução de projetos de sucesso.
A certificação em tais modelos ainda é um diferencial competitivo para profissionais, mas não o conhecimento deles, pois são quase commodities entre as grandes corporações.
Então, onde podemos encontrar o nosso diferencial? Ou a nossa garantia de sucesso?
No desenvolvimento de uma estratégia acertada? Henry Mintzberg, em seu livro “Ascensão e Queda do Planejamento Estratégico” argumenta que deve ser revisto o processo pelo qual as estratégias são criadas, dando mais importância à aprendizagem informal e à visão pessoal.
Antes de tudo, não seria melhor tirar o foco do ROI - sem dúvida importante referência para cada projeto - da metodologia e da própria estratégia e mirar de forma mais direta na contribuição que cada projeto de tecnologia pode trazer para os objetivos de negócio da organização?
Agora é minha vez de parafrasear Benjamin Disraeli quando disse: “Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis”. Quando temos uma equipe de alto desempenho, a metodologia e até a estratégia podem ficar em segundo plano, quando não temos uma boa equipe, elaborar estratégias e trabalhar com metodologias internacionais é inútil.
André Peretti (andre@peretti.pro.br) é gerente de projetos de tecnologia da Pado S.A. e ministra aulas em MBAs
Contei isso a um fornecedor de hardware, é de chorar de rir, literalmente!
Mas não vamos falar apenas de retorno sobre investimento (ROI), pois é mais uma das diversas variáveis sob o guarda-chuva de um gerente ou diretor de tecnologia de informação e comunicação. Proponho uma discussão em outra seara, a da gestão de projetos.
Quais são realmente os fatores críticos de sucesso para um projeto de TI bem sucedido?
Uma busca no Google, sem dúvida, traria mais resultados do que sou capaz de responder. Mas fazendo essa pergunta a nós mesmos, é provável que rapidamente iremos nos remeter a outras questões, como saber quais são os objetivos de TI da organização e quais são os objetivos de negócio também, para em seguida pensarmos em uma estratégia de “alinhamento” entre TI e negócios.
Vinicius Cherobino escreveu um artigo ano passado intitulado: “Chega de alinhar TI ao negócio: Você está pronto para a nova TI?”. Neste mesmo artigo citou Mark McDonald, o então vice-presidente de programas executivos do Gartner para a América Latina, quando disse que a época em que a palavra de ordem era “alinhar”, acabou! Pois ao dizer alinhar está colocada a possibilidade de dois objetivos distintos, e obviamente não se trata disso, os objetivos de TI não precisam se alinhar aos do negócio, são os do negócio!
Relembro uma apresentação do IDC – International Data Corporation, alguns anos atrás onde afirmavam que os gerentes e diretores de TI lidavam com as mesmas preocupações do negócio que outros gestores, com desafios adicionais de TI. Achei ideal, pois as primeiras preocupações de todos os gestores de uma organização precisam ser aquelas do negócio, porém o nosso desafio será na área tecnológica, gerindo os recursos tecnológicos, humanos, financeiros, entre diversos outros.
O grande desafio, ou o primeiro desafio, é pessoal. Pois são poucas as outras funções corporativas para a qual são necessárias constantes readequações ou incorporações tão freqüentes de habilidades, competências e responsabilidades, ou seja, como disse Jedey Miranda no inicio de 2008, então diretor de TI para América Latina da Eaton, um profissional que tenha de remodelar-se por completo em ciclos cada vez mais curtos.
Apenas depois de vencido esse ponto podemos descer um andar e pensar a gestão das atividades e recursos de um projeto de tecnologia.
Não sou o mais indicado para discutir metodologias de gestão de projetos, ou de governança de TI, mas podemos afirmar que metodologias como PMI, SCRUM, ITIL (que está mais para abordagem e padrão do que para metodologia), entre outras, são poderosas aliadas para a condução de projetos de sucesso.
A certificação em tais modelos ainda é um diferencial competitivo para profissionais, mas não o conhecimento deles, pois são quase commodities entre as grandes corporações.
Então, onde podemos encontrar o nosso diferencial? Ou a nossa garantia de sucesso?
No desenvolvimento de uma estratégia acertada? Henry Mintzberg, em seu livro “Ascensão e Queda do Planejamento Estratégico” argumenta que deve ser revisto o processo pelo qual as estratégias são criadas, dando mais importância à aprendizagem informal e à visão pessoal.
Antes de tudo, não seria melhor tirar o foco do ROI - sem dúvida importante referência para cada projeto - da metodologia e da própria estratégia e mirar de forma mais direta na contribuição que cada projeto de tecnologia pode trazer para os objetivos de negócio da organização?
Agora é minha vez de parafrasear Benjamin Disraeli quando disse: “Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias; quando são corruptos, as leis são inúteis”. Quando temos uma equipe de alto desempenho, a metodologia e até a estratégia podem ficar em segundo plano, quando não temos uma boa equipe, elaborar estratégias e trabalhar com metodologias internacionais é inútil.
André Peretti (andre@peretti.pro.br) é gerente de projetos de tecnologia da Pado S.A. e ministra aulas em MBAs