Normalmente ao implementarmos um sistema de gestão enfatizamos os FCS (fatores críticos de sucesso) e dentre eles destacamos sempre o engajamento da gestão da empresa (estratégia e tática) para o sucesso do projeto.

Ocorre que, na realidade, muitas vezes este engajamento não acontece da forma devida, em virtude de várias razões, sendo uma das principais a elevada carga das rotinas diárias. Resultando ao final do projeto um sistema implementado com suas funções operacionais básicas  baseado no que se faz hoje (“as is”) e algumas lacunas – como a falta de informações e funções gerenciais bem uma visão de futuro “limitada” do que o sistema poderia proporcionar ao negócio.

Interessado no assunto fui em busca de maiores informações e agreguei a minha biblioteca o livro “Managerware – Como extrair valor dos investimentos em Sistemas de Informação” de dois autores aos quais tive oportunidade de trabalhar, Herman Hehn e Eloah Prata Silva, aos quais posso referendar pela experiência, competência e resultados. Aprofundei-me no assunto e me deparei com as quatro camadas de um projeto:

1 – Hardware –infra-estrutura necessária para executar o sistema;

2 – Software – conjunto de aplicativos (Banco de dados, Sistema Operacional, ERP...);

3 – Peopleware – engloba os recursos humanos necessários para implementar e operar o novo sistema – muito bem descritos no livro “Peopleware: como trabalhar o fator humano nas implementações de sistemas integrados de informação” dos mesmos autores (para quem quiser aprofundar);

4 – Managerware – foca o grupo de profissionais que fazem “a diferença” e que tradicionalmente recebem pouca atenção nas implementações: os gestores.

É sabido que o valor extraído pelas empresas de seus softwares de gestão varia muito – de satisfeitos e “extratores” de valor até insatisfeitos onde os sistemas são parte dos problemas. Esta extração de valor decorre, dentre outros fatores, muito da gestão da organização, de seu envolvimento e de sua capacidade de orientar para o futuro do negócio.

A esta gestão denomina-se Managerware onde estão depositados o conhecimento, as práticas gerenciais, comportamentos, atitudes e valores da organização.

O nível de Managerware, determina o quanto a organização extrairá do seu sistema de gestão, desde um simples uso operacional até uma importante ferramenta de construção de valor agregado aos clientes e ao futuro da empresa.

No livro citado, o autor discorre sobre todas etapas, mensurações e formas de atingir níveis mais elevados de Managerware, logicamente isto abrange também a análise do ambiente de gestão – indicando dentre outros o quanto a organização está favorável a elevação do nível de gestão.

O que chama a atenção, é que a cada dia mais se constata a necessidade da qualificação, flexibilidade e pró-atividade de todo e qualquer elemento humano participante da organização na construção (ou re-construção) dos projetos de ERP (ouso a dizer de qualquer projeto de TI).

Fica cada dia mais claro a vinculação entre tecnologia e as pessoas – são elas que realizam e  colhem os resultados e que sem sua completa e consciente participação, até podemos atingir algum resultado, porém ele será muito melhor com elas.

Outro ponto importante é o fato do surgimento de metodologias, como o Managerware, que nos permite mensurar o status atual de gestão e maturidade, bem como definir os objetivos e as ações para elevá-lo.

Este é mais um desafio que se impõe aos gestores, porém numa sociedade cada vez mais automatizada e conectada não há como ignorar o fato de que para que os negócios sejam mais efetivos, deverão também dedicar seu valioso conhecimento em mais esta etapa da história das organizações.

* Biagio Caetano Filomena é Administrador e Professor