Há cerca de um ano atrás, tive a oportunidade de manusear um notebook OLPC (one laptop per child), chamado XO, pertencente a uma conhecida ONG aqui de Porto Alegre, vindo diretamente das mãos de Nicholas Negroponte.

Devo dizer que tecnologicamente fiquei impressionado, o equipamento era leve e robusto o suficiente para suportar o manuseio de crianças, conectava-se em WI-FI, gerava uma rede entre XOs permitindo compartilhamento de arquivos, como sistema operacional Fedora e o Firefox light para navegação na Internet.
 
Possuía alguns aplicativos e jogos educativos, tudo muito interessante e aplicável ao desenvolvimento das crianças. Não possuía nenhum tipo de mídia rígida, porém com entradas USB e a idéia inicial de custo era de USD 100, valor que até hoje nunca foi atingido.

Deixando a questão de valor a parte, lembro-me de termos comentado sobre a usabilidade, a reação dos alunos e professores e principalmente se a “pequena” máquina realmente iria começar a preparar as crianças para o mercado de informática, isto é, o que aconteceria depois que elas passassem da idade de 10/12 anos na qual não estariam mais interessadas naquele pacote educacional e começariam a ser demandadas por editores de texto, planilhas e outros softwares mais sofisticados, necessários a seus trabalhos escolares e até mesmo a sua futura vida profissional. Naquele momento, infelizmente, a resposta era incerta ou negativa.

No decorrer do tempo a Intel lança o Classmate, concorrente do XO, que é outro assunto digno de nota.
 
Ocorre que neste mês de maio, Gates e Negroponte resolveram unir suas forças também no XO que trará um dual boot, incluindo os softwares citados anteriormente mais o Windows XP e o MS-Office numa versão student com acesso a e-mail, que deverá ser lançado até Setembro deste ano. Interessante observar que o pacote Microsoft já está sendo chamado de Windows XO e que o custo total do software MS deverá estar em torno de USD 3.

Devido a grande disseminação dos aplicativos da Microsoft, Negroponte acredita que será mais fácil convencer aos governos em adquirir o OLPC e com isso atingir escala suficiente para chegar aos USD 200/unidade.

O maior ganho aqui, não está na questão do preço, está na “real inclusão digital” de crianças, jovens e até de adultos, que hoje não possuem acesso as facilidades da tecnologia.

Atualmente até mesmo um motorista de caminhão tem de saber operar um notebook, para informar a rota, efetuar seus reportes de despesas e ocorrências no trecho percorrido.
 
Ensinar o raciocínio lógico é deveras importante, através dos pacotes educativos quando criança, mas utilizar o conhecimento prático sabendo, aplicar ferramentas de mercado utilizadas pelas empresas é garantir o desenvolvimento das pessoas e o sustento de muitas famílias no futuro.

Independente do consórcio, marca ou instituto que ganhará, o importante é que hoje, estamos tendo alternativas reais de oportunidade para muitas pessoas.

* Biagio Caetano Filomena é administrador e professor