Depois da histórica e esperada eleição americana, em que todas as esperanças de mudanças dos americanos e do resto do mundo são depositadas no novo presidente, em um momento de crise mundial, o que pode mudar para o mercado de tecnologia no resto do mundo, particularmente no Brasil?
Para responder esta pergunta, vamos dar uma olhada nas intenções de Obama para TI mas vamos prestar atenção também as questões relacionadas a economia, emprego e imigração.
Antes, vale o comentário que Barack Obama fez um uso intensivo e bem planejado de TI em sua campanha, o que o ajudou a conquistar os eleitores principalmente os mais jovens, e que as empresas de TI americanas preferiram Obama em suas doações para campanha. Talvez seu plano de governo ajude a entender por que.
São cinco pontos básicos para tecnologia, a garantia de troca de informações entre americanos através de uma Internet Aberta e outras mídias, criação de uma democracia transparente e conectada, facilitar a implantação de uma infra-estrutura de comunicação moderna, uso de tecnologia e inovação para auxiliar na solução de problemas da nação, e o aumento da competitividade dos Estados Unidos.
No primeiro ponto, o plano fala sobre conteúdo livre para americanos, direito a privacidade, combate a pedofilia e outros enquanto mantém os princípios da Primeira Emenda, e deixa nas entrelinhas que privacidade serve para cidadãos americanos... Não muda nada.
O segundo ponto mostra o atraso do E-government americano. Estamos em melhor situação tecnológica, com iniciativas simples e bem implantadas. Ponto para o Brasil em tecnologia no governo, transparência e serviços, pena que o acesso a isso e a consciência política média do brasileiro sejam baixas para aproveitar estes canais. E, a novidade, o governo de Obama vai ter o primeiro CTO da história do governo americano, para garantir a segurança das redes e a integração entre as diversas agências (NSA, CIA, FBI, etc...) com o uso de melhores práticas. Influência do mundo corporativo.
O terceiro ponto, Também fala sobre o incentivo a competitividade das empresas de telecomm/banda-larga em todo o território americano, o que deve aumentar o investimento. Lá. Entrega de banda larga para escolas, hospitais, bibliotecas e residências. Parece o plano de Inclusão Digital de nosso governo, não?
O quarto ponto, sobre o uso da tecnologia e inovação para auxiliar na solução de problemas da nação, fala sobre o uso inteligente da tecnologia em baixar os custos do sistema de saúde, investir em desenvolvimento e uso de energias mais limpas, desenvolvimento de uma rede de energia digital e inteligente, melhorar o ensino tecnológico, criação de novos empregos e aumento da competitividade contra o off-shore. Teremos alguma lei protecionista para dificultar a contratação off-shore? Penso que sim. e aí entramos no quinto ponto.
O quinto ponto, que cobre o aumento da competitividade dos Estados Unidos, Obama promete aumentar o investimento em ciência e tecnologia, tornar os incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento permanentes, controlar a emissão de vistos H1-B mais para PhD's e menos para diplomados em curso superior que não tenham tal titulação (PhD), maior pressão obre a Organização Mundial do Comércio em defesa dos interesses de empresas americanas, maior proteção de Propriedade Intelectual Americana, e a reforma do Sistema de Patentes.
Bem, alguém tem dúvidas que será mais difícil conseguir um visto de emprego em TI nos Estados Unidos, que exportar tecnologia e serviços para lá também será mais difícil? E que os direitos na internet permanecerão "diferentes" para americanos e não americanos? Como maior economia do mundo, maior consumidor de TI do mundo, com demanda por trabalhadores em TI maior que a oferta, tais intenções me parecem ter a necessidade de um estudo mais adequado pelo governo Obama, sob pena de terem o efeito contrário, pois não se cria competitividade e competência acadêmica em um governo. A Índia, caso de exportação de talentos e serviços em TI mais representativo, vem investindo massivamente neste programa há 3 décadas, os resultados começaram a aparecer no final da segunda década, em um país que tem o salário muito mais baixo que o americano, ou seja, com custo mais competitivo.
Pois é, parece que isso tudo pode agravar a situação do mercado de TI no país, uma vez que teremos mais dificuldade de exportação de serviços e tecnologia para o país mais rico do mundo, não é? Penso que não, pois tanto o governo como as grandes consultorias se preocuparam em marcar presença em outros mercados que não só o americano. O que realmente vai influenciar neste sentido é a queda de demanda natural pela crise mundial.
Penso que o leitor já chegou à conclusão por que as empresas americanas de TI doaram muito mais para a campanha de Obama do que para a de McCain.
O governo Obama vai ser ótimo. Para os americanos.
Paulo César Rodrigues é diretor da Confidentia IT Solutions
Para responder esta pergunta, vamos dar uma olhada nas intenções de Obama para TI mas vamos prestar atenção também as questões relacionadas a economia, emprego e imigração.
Antes, vale o comentário que Barack Obama fez um uso intensivo e bem planejado de TI em sua campanha, o que o ajudou a conquistar os eleitores principalmente os mais jovens, e que as empresas de TI americanas preferiram Obama em suas doações para campanha. Talvez seu plano de governo ajude a entender por que.
São cinco pontos básicos para tecnologia, a garantia de troca de informações entre americanos através de uma Internet Aberta e outras mídias, criação de uma democracia transparente e conectada, facilitar a implantação de uma infra-estrutura de comunicação moderna, uso de tecnologia e inovação para auxiliar na solução de problemas da nação, e o aumento da competitividade dos Estados Unidos.
No primeiro ponto, o plano fala sobre conteúdo livre para americanos, direito a privacidade, combate a pedofilia e outros enquanto mantém os princípios da Primeira Emenda, e deixa nas entrelinhas que privacidade serve para cidadãos americanos... Não muda nada.
O segundo ponto mostra o atraso do E-government americano. Estamos em melhor situação tecnológica, com iniciativas simples e bem implantadas. Ponto para o Brasil em tecnologia no governo, transparência e serviços, pena que o acesso a isso e a consciência política média do brasileiro sejam baixas para aproveitar estes canais. E, a novidade, o governo de Obama vai ter o primeiro CTO da história do governo americano, para garantir a segurança das redes e a integração entre as diversas agências (NSA, CIA, FBI, etc...) com o uso de melhores práticas. Influência do mundo corporativo.
O terceiro ponto, Também fala sobre o incentivo a competitividade das empresas de telecomm/banda-larga em todo o território americano, o que deve aumentar o investimento. Lá. Entrega de banda larga para escolas, hospitais, bibliotecas e residências. Parece o plano de Inclusão Digital de nosso governo, não?
O quarto ponto, sobre o uso da tecnologia e inovação para auxiliar na solução de problemas da nação, fala sobre o uso inteligente da tecnologia em baixar os custos do sistema de saúde, investir em desenvolvimento e uso de energias mais limpas, desenvolvimento de uma rede de energia digital e inteligente, melhorar o ensino tecnológico, criação de novos empregos e aumento da competitividade contra o off-shore. Teremos alguma lei protecionista para dificultar a contratação off-shore? Penso que sim. e aí entramos no quinto ponto.
O quinto ponto, que cobre o aumento da competitividade dos Estados Unidos, Obama promete aumentar o investimento em ciência e tecnologia, tornar os incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento permanentes, controlar a emissão de vistos H1-B mais para PhD's e menos para diplomados em curso superior que não tenham tal titulação (PhD), maior pressão obre a Organização Mundial do Comércio em defesa dos interesses de empresas americanas, maior proteção de Propriedade Intelectual Americana, e a reforma do Sistema de Patentes.
Bem, alguém tem dúvidas que será mais difícil conseguir um visto de emprego em TI nos Estados Unidos, que exportar tecnologia e serviços para lá também será mais difícil? E que os direitos na internet permanecerão "diferentes" para americanos e não americanos? Como maior economia do mundo, maior consumidor de TI do mundo, com demanda por trabalhadores em TI maior que a oferta, tais intenções me parecem ter a necessidade de um estudo mais adequado pelo governo Obama, sob pena de terem o efeito contrário, pois não se cria competitividade e competência acadêmica em um governo. A Índia, caso de exportação de talentos e serviços em TI mais representativo, vem investindo massivamente neste programa há 3 décadas, os resultados começaram a aparecer no final da segunda década, em um país que tem o salário muito mais baixo que o americano, ou seja, com custo mais competitivo.
Pois é, parece que isso tudo pode agravar a situação do mercado de TI no país, uma vez que teremos mais dificuldade de exportação de serviços e tecnologia para o país mais rico do mundo, não é? Penso que não, pois tanto o governo como as grandes consultorias se preocuparam em marcar presença em outros mercados que não só o americano. O que realmente vai influenciar neste sentido é a queda de demanda natural pela crise mundial.
Penso que o leitor já chegou à conclusão por que as empresas americanas de TI doaram muito mais para a campanha de Obama do que para a de McCain.
O governo Obama vai ser ótimo. Para os americanos.
Paulo César Rodrigues é diretor da Confidentia IT Solutions