Diante de um mercado cada vez mais competitivo e repleto de ameaças e oportunidades, torna-se fundamental que as empresas inseridas neste contexto desenvolvam constantes estratégias para desafiar e superar a concorrência, assim como os profissionais que visam um ingresso para o mundo do trabalho. Como profissional da psicologia, saliento a importância das “pessoas” neste processo, pois acredito que não se muda uma empresa apenas com o incremento tecnológico e aquisição de equipamentos – pois isto seria mudar o contexto. É preciso que se modifique principalmente o conteúdo do trabalho.

Partindo do princípio em que o ponto de “contato” da marca, da empresa, é o funcionário, é imprescindível que o tripé “atrair, manter e desenvolver” faça-se presente, norteando a relação da empresa com os profissionais que nela atuam. O próprio recrutamento de pessoas vem sendo realizado cada vez mais baseado no levantamento de competências, onde o funcionário é considerado um ser humano e não só um recurso empresarial. Da mesma forma, as empresas não devem representar somente o órgão provedor de remuneração para profissionais, e sim, sua fonte de motivação, provedora de retornos para além dos financeiros.

No cotidiano do meu trabalho, como consultora de recursos humanos, são recorrentes os chamados de candidatos que, antes mesmo de darem “bom dia” ou apresentarem-se, perguntam “quanto paga tal vaga”. Sem dúvidas, a remuneração é um fator bastante relevante diante uma oportunidade de trabalho, mas não é tudo. Cada vez menos se administram pessoas, e sim, as empresas passam a administrar juntamente com as pessoas - não é à toa que o termo “funcionário” está sendo substituído por “colaborador”. Percebe-se um quadro de “pré-tensão” salarial e, muitas vezes, o interesse demasiado no dinheiro é fator indicativo de fracasso na contratação. Um funcionário que se vincula a uma ocupação pensando mais na remuneração do que em seu desenvolvimento pessoal junto da empresa, corre o risco de ter a conta cheia e a motivação esvaziada.

Diante de toda a tecnologia que nos rodeia e alavanca nossas vidas, estamos em um período onde se percebe uma reversão de valores: em substituição à valorização da automação, o que se destaca hoje é o conhecimento, que evidencia a passagem das relações de controle para as relações de comprometimento.

Atualmente, só executar as pautas no dia-a-dia não basta. As empresas buscam, em vez de recrutas, colaboradores que saibam marchar em equipe no ritmo da empresa, mas que também saibam sugerir novos passos e caminhos a serem traçados. Um colaborador que se envolve intelectualmente e emocionalmente com seu trabalho será também dono da empresa, do negócio, fazendo assim parte de uma grande máquina humana em forma de engrenagem.

Roberta Pires é psicóloga e consultora de Recursos Humanos da TI Works