Discute-se muito sobre a privacidade na Web e a liberdade nos espaços virtuais. Usuários que acreditam que não há direito à privacidade na internet alegam que se trata de um espaço democrático e aberto para todos. Já os favoráveis ao respeito de um espaço reservado para cada pessoa alegam que o canal é regido por leis e códigos como todos estão acostumados a respeitar habitualmente.
Para exemplificar pode-se citar o Twitter e orkut, pois hoje são consideradas as mídias sociais mais populares no Brasil. Recentemente o Ibope divulgou pesquisa sobre o acesso do brasileiro à internet. Em março, 85,6% dos internautas brasileiros acessaram alguma rede social, tornando o país líder mundial no acesso aos sites como Facebook, Twitter, orkut e Youtube.
No Twitter é possível bloquear suas mensagens e exigir autorização para ser seguido, o orkut permite bloquear recados, fotos, depoimentos e outras informações. Estas opções causam transtorno e revolta em milhares de usuários. Não é raro ouvir alguém falar: “Porque bloquear o perfil. Se quer privacidade saia do orkut”. Mas a internet não é uma terra sem lei. Não podemos simplesmente jogar as palavras na rede e acreditar que não há consequências. Há centenas de casos de pedofilia, racismo e outros crimes virtuais que estão sendo investigados diariamente pela Polícia Federal e Ministério Público.
O grande número de jovens na rede pode contribuir para o crescimento destes delitos virtuais. A consultoria comScore divulgou, em meados no ano passado, que haviam pelo menos 1,1 bilhão de internautas com mais de 15 anos. Destes, 65% acessam sites como Myspace, Facebook, Twitter, orkut e Youtube.
Por isso é preciso entender que vivemos em sociedade, por isso existem regras que devem ser respeitadas. Para que não ocorra erro de compreensão é necessário assimilar que a internet é apenas mais um meio que pode ser utilizado para comunicação. Amplo, democrático e instantâneo. Mas com as mesmas regras e código de ética que empregamos no convívio diário.
Por exemplo, direitos autorais sobre qualquer material produzido por terceiros devem ser respeitados. Outros crimes virtuais comuns como a difamação, injúria, calúnia, racismo e pedofilia são tratados e, julgados, da mesma forma que se fossem cometidos no ambiente profissional (acho que a palavra certa aqui não seria profissional, mas sim no ambiente fora da web). Casos de plágio, cópia sem autorização, ofensas e pornografia não são raros no ambiente cibernético. Assim como blogs que reproduzem notícias, ou geram informação, sem citar a fonte.
A produção de conteúdo na Web, especialmente nas mídias sociais e blogs, é incalculável. Em ano eleitoral o fluxo de informações ganha um considerável acréscimo. Além das opiniões dos usuários, há a criação de ferramentas tecnológicas para a apresentação das propostas dos candidatos e o ingresso dos mesmos na rede. Ultimamente os presidenciáveis criaram perfis no Twitter. O objetivo é interagir com eleitores, divulgar propostas e agenda de visitas nos Estados. É preciso estar atento as ações adotadas, pois serão exemplo para sociedade.
Recentemente, dois profissionais ganharam destaque ao serem demitidos após comentários realizados nos seus perfis pessoas no Twitter. Manifestações geradas com palavras de baixo calão ou simplesmente com opiniões e posicionamentos sobre determinada linha editorial de determinada publicação nacional. É preciso compreender que este comportamento adotado pelas empresas reflete a preocupação com as informações e opiniões postadas por seus colaboradores nas redes sociais.
Para alertar sobre as consequências de algumas atitudes, as organizações estão emitindo comunicados internos para reforçar que o empregado representa a instituição, e, portanto, deve ter um comportamento adequado. Mas ações voltadas contra os ideais das empresas e de cunho pessoal. Nestes casos, a privacidade e o direito individual devem ser respeitados?
Pode-se afirmar que a internet é muito recente no Brasil, mas isso não impede que os usuários compreendam a importância de respeitar tais princípios. Questões éticas baseadas na instrução, respeito e educação constroem a base também na Web. Assim, da próxima vez que acessar a rede mundial de computadores, não esqueça os preceitos que movem a sociedade do outro lado do monitor.
* Wellington Johann é jornalista formado na PUC-RS.