Governança, transparência, competitividade. Estas têm sido as palavras de ordem mais constantes no mundo de gestores, de pequenos e grandes projetos, nos últimos anos.

A demanda leva à criação, e, no campo da gestão, o fenômeno que se vê é o de grande proliferação de metodologias e modelos com o objetivo de apresentar as melhores práticas para o gerenciamento em suas diversas esferas – estratégica, tática e operacional. Mas como escolher? Que modelo usar? Como aliar estas metodologias ao planejamento estratégico da empresa?

Uma infinidade de normas e modelos é apresentada no setor: PDCA, BSC, CMMI, MPS-BR, PMBOK, SCRUM, ITIL, PRINCE2, BPM. São dezenas, talvez centenas, de compilações que, quando adotadas de forma associada, geram infinitas possibilidades de combinações. Diante deste cenário, é preciso entender qual a proposta e qual o escopo de ação de cada modelo – em que contexto foram criados e para quem se destinam.

É importante compreender que cada modelo de qualidade traz um “remédio” específico para uma “doença” específica. O primeiro passo antes de escolher qual remédio usar é entender os sintomas e definir claramente qual é o problema da empresa.

Algumas vêem os modelos e normas como uma solução pronta e rápida para a falta de eficiência em sua gestão. Entretanto, muitos modelos podem, além de não gerar o resultado esperado, tornar o processo mais lento e complicado, especialmente quando ligados a qualidade e controle.

Outras empresas vêem nesses modelos e normas uma espécie de “elixir da vida”, capaz de curar, em uma única dose, todas as doenças e males causados por anos de má gestão. Há, ainda, as empresas que não conseguem resistir à dualidade da mudança, que exige que se coloque em prática um novo processo sem que pare as atividades subitamente, dentro de uma mudança gradual e substanciosa.

Assim, alguns aspectos devem ser considerados na hora de buscar um modelo para sua empresa:

- Tão importante quanto conhecer os problemas existentes na empresa é identificar quais serão trabalhados primeiro e quando.Muitas empresas perdem o foco ao escolher os problemas errados ou ao escolher muitos problemas de uma vez. Quando se dão conta, gastaram milhares de reais e continuam ineficientes. Ataque um problema de cada vez, comece pequeno. Repita e multiplique este pequeno procedimento inúmeras vezes até que se torne um hábito para sua equipe, antes de partir para o próximo problema.

- Entenda que os modelos estão aí para serem adaptados à sua realidade e ao seu estilo de gestão. Não espere uma receita de bolo. O BSC, o PMBOK, o PDCA, entre tantos outros, são extremamente genéricos e flexíveis, e isso é proposital. Você deve encontrar a melhor forma de aplicar as boas práticas baseando-se nos princípios de cada modelo.

- Não pule ou inverta a sequência das etapas a serem seguidas. Existe uma falácia corrente em de que se deve primeiro implantar os processos para depois buscar as ferramentas. Evite cair neste erro. A ferramenta é parte de um processo, e a escolha do processo correto está diretamente ligada à escolhas das ferramentas de suporte, principalmente software. Você pode escolher o processo certo, mas, se não escolher a ferramenta certa, poderá comprometer a capacidade de geração de benefícios.

- Aprenda a conviver com a dualidade e a ser flexível. Durante a implantação de um processo, o mundo não para até sua empresa entrar nos eixos. Ao mesmo tempo, evite choques de mudança. É preciso ter paciência e gastar uma boa dose de energia extra para lidar com situações conflitantes.

Por fim, não se acomode em resolver apenas o primeiro problema. A melhor hora para a próxima mudança é imediatamente após a primeira conquista.

* Michael Cardoso é sócio-fundador e diretor comercial da JExperts Tecnologia e um dos idealizadores da plataforma Channel - Software para Gestão Estratégica e Gerenciamento de Projetos, Programas e Portfólios.