Em tempos de aquisições e fusões pequenas e médias empresas começam a enxergar que certos conceitos de gestão utilizados por grandes corporações podem contribuir para elevar seu valor de mercado.
Não há dúvidas que a globalização trouxe mudanças inexoráveis na cultura de negócios no mundo. Mas talvez uma das mais latentes “pressões” que o capitalismo moderno impôs a quem nele atua seja a constante necessidade de ter que antecipar a aplicação de novas soluções em seus processos. Até pouco tempo atrás seria difícil imaginar que pequenas e médias empresas estariam preocupadas em adotar conceitos de governança corporativa e gerenciamento de riscos.
Recentes pesquisas demostram que novos empresários almejam ter seus negócios saudáveis e preparados para o mercado globalizado. É considerado fator estratégico por empresas de todos os tamanhos, incluindo as familiares. Poucos pensam na ideia de vender seus ativos, mas a maioria sabe que a oportunidade existe e que estar atrativo pode significar uma excelente transação.
Previsões apontam para um cenário onde uma maré de fusões e aquisições atingirá o Brasil com força e quem estiver atento e preparado seguramente se beneficiará dela. Somos ainda adolescentes experimentando as primeiras duas décadas de um mercado de economia aberta vibrante. Gestores são bombardeados de todas as formas com novos aprendizados e conceitos de uma cultura que força os empresários brasileiros a repensarem constantemente nos modus operandi de administração de seus negócios. Mesmo para as pequenas, não há mais limites ou fronteiras de mercados. É possível atuar local, mas é fundamental pensar global.
Presenciei muitos casos de empresas que foram abordadas por investidores, mas foram descartadas por não apresentarem boas práticas de gestão e governança. É algo que não somente se traduz na perda de um grande negócio, como também pode afetar a imagem dela diante de seu mercado.
Deficiências que antes não eram adequadamente identificadas como análise dos níveis de qualidade, políticas de investimentos, padrões éticos e de gestão financeira e estrutura de controles, passam a ser despertas e a ficar visíveis aos olhos de todos. Algumas vezes estas fraquezas tornam-se evidentes demais para mantê-las apenas no ambiente interno e acabam se transformando em notícias de possíveis crises que se espalham rapidamente na mídia, causando danos consideráveis à imagem da companhia.
Para tornar a empresa mais saudável e menos vulnerável as tentações de práticas não ortodoxas de mercado, é necessário uma transformação na cultura de negócios da empresa. E ela já começa a acontecer provocada pela chegada de uma nova geração de profissionais nascidos no berço da globalização. Muitos deles são filhos de sócios que apesar da pouca experiência, trazem consigo uma sede de crescer, uma vontade de estar atrativo, e de poder mostrar que sua marca é competitiva e vale muito.
São como os “caras pintadas corporativos”. Surgem envoltos em conceitos de sustentabilidade, de reforço em marketing, e de tecnologia e agora também se espelham em grandes empresas para adotar filosofias de gerenciamento de risco e governança corporativa.
Não há espaços para planejamentos futuros feitos de maneira superficial. O excesso de apetite ao risco ainda persegue grande parte dos empresários e o seu remédio deve ser receitado por profissionais, capazes de enxergar o que a ilusão muitas vezes ofusca.
Apesar das turbulências na Europa, 2010 promete ser um marco importante, um alívio após dois anos de “estiagem brava”. A nova fase deve movimentar o mercado com força em todo o mundo. É sinal de alerta positivo e até de comemoração. As baterias que impulsionam o fator competitividade, fusão e aquisição, voltam a estar bem carregadas e a pressão aumenta em todos os níveis. É um novo tempo que chega para confirmar o que muitos já sabem mas ainda não conseguem colocar em prática: para ser grande é preciso pensar e agir como tal.
* Waldemir Bulla é sócio-diretor da Protiviti Brasil.
Inspiradas nas Grandes
Waldemir Bulla // 24/06/2010 10:28
Em tempos de aquisições e fusões pequenas e médias empresas começam a enxergar que certos conceitos de gestão utilizados por grandes corporações podem contribuir para elevar seu valor de mercado.