A rede sem fio tem se tornado uma coqueluche em todos os meios de tecnologia. Tornou-se obrigatória em ambientes como aeroportos e hotéis, e está tomando cada vez mais espaço nas empresas e nas residências. Com isso, o mercado de wireless se tornou muito convidativo a fabricantes dispostos a oferecer uma gama sem fim de produtos, desde roteadores para banda larga até equipamentos de gestão remota para múltiplos usuários.
Mas o tema do artigo se concentra no pequeno usuário, aquele que precisa de equipamentos para sua casa ou para o seu escritório. É o mesmo usuário que não possui formação técnica e que, na verdade, quer a tecnologia como um facilitador de seu cotidiano, e não um prato quente para ser absorvido com destreza.
Quando se fala de redes sem fio para aplicação em uma residência ou mesmo para um escritório ou pequena empresa, podemos imaginar que a ideia seja a de colocar um roteador (de pequeno porte) conjugado com um Access Point (ponto de acesso). Esse roteador será responsável em distribuir a conexão de banda larga entre os usuários da empresa ou entre os familiares da casa. Como estamos falando de redes sem fio, podemos imaginar que esses usuários irão se conectar via rede wireless.
Hoje, todo notebook já vem de fábrica equipado com interface wireless. Então basta ligar e configurar o roteador, associar o notebook ao AP e pronto. Rede sem fio ativada no notebook. Aí é que começam os problemas. Muitas vezes o sinal não é capaz de cobrir todos os cômodos da casa, ou o notebook não tem potência suficiente na sua interface wireless para mandar o sinal de volta ao roteador.
O que fazer nesses casos? Simples, basta comprar uma outra interface wireless de maior potência e alcance. É importante lembrar que não dá para comprar uma antena maior para o notebook, pois seria necessário abrir o computador para trocar a antena da interface, o que é impraticável.
Na hora de comprar uma outra interface wireless, diversos fabricantes têm praticado uma política nada convencional: no Brasil, todo produto utilizado para comunicação sem fio precisa ser certificado por um órgão federal chamado Anatel. Essa agência certifica que os produtos podem ser usados com segurança e que não irão causar danos à saúde e nem interferir nos outros equipamentos de sua residência ou empresa. Portanto, produtos sem o selo da Anatel além de serem totalmente ilegais e passíveis de apreensão pela polícia, podem oferecer risco à saúde de quem os utiliza.
Muitos produtos no mercado brasileiro estão sendo comercializados sem esse selo e, pior, ludibriando totalmente a fiscalização adotando disfarces tecnológicos. Um exemplo é a interface wireless padrão USB. Podemos encontrar no mercado uma série de produtos, inclusive de grandes fabricantes, com os dizeres “Antena USB”. Ao fazer isso, o importador ou fabricante comete três grandes falhas: primeiro porque está mentindo ao usuário final, pois não existe uma antena USB.
A interface USB é uma porta de comunicação elétrica para interligar periféricos e não precisa de “antena”. Nem mesmo os mouses wireless funcionam assim: é necessário que se coloque o receptor fisicamente na porta USB do computador para funcionar. A segunda falha é a tentativa de burlar a fiscalização, já que uma antena, segundo a Anatel, não requer certificação, mas uma interface wireless sim. E terceira falha porque a incidência de impostos é menor nas antenas do que nos produtos do tipo interface wireless.
O usuário que compra esse tipo de produto está correndo sérios riscos: pode ser considerado como receptador, está sendo ludibriado e pode estar utilizando um produto que poderá causar inclusive danos à sua saúde e a de seus familiares.
É importante estarmos atentos ao mercado e jamais permitir que empresas façam um comércio irregular e arriscado ao público consumidor. Fiscalize, questione. Não compre produtos falsos ou de risco. Exija seu direito.
* Charles Blagitz é gerente de marketing da fabricante brasileira de periféricos Coletek, detentora da marca C3 Tech.