As primeiras indústrias precisavam gerar sua própria energia, construindo pequenas usinas elétricas e geradores para poderem funcionar.

Com o tempo, a geração de energia tornou-se atividade de poucas grandes empresas. As indústrias agora podiam se preocupar com seu negócio, pagando mais barato por este importante insumo, fornecido a um custo muito mais acessível. As pequenas empresas de geração de energia desapareceram.

O software segue o mesmo caminho. De pequenos produtores, desenvolvendo soluções locais para atender seus clientes, o mercado está mudando para o formato da “computação na nuvem”. Apenas três ou quatro grandes nuvens dominarão o mercado. Estas fornecerão software como serviço para todo o mundo, com grandes ganhos de escala e qualidade.

Há exatos 12 meses, ouvi este raciocínio do representante de uma destas “nuvens” e lembrei-me dele quando desembarquei em Washington para o evento anual de Parceiros Microsoft. O fim iminente da empresa independente de desenvolvimento de software, decretado por um dos principais players do mercado, aumenta minha curiosidade de saber se seu maior concorrente tem algo diferente a dizer.

Ao som de “Oh Cloud”, a Microsoft inicia seu discurso. Uma estratégia consistente, produtos inovadores e uma diretriz de foco na “computação na nuvem”, não deixam dúvida aos milhares de espectadores reunidos no Walter E. Washington Convention Center, que a empresa já é um dos players neste mercado. Não é mais apenas uma ação para o futuro, um direcionamento estratégico ou uma intenção. A presença da Microsoft na nuvem é realidade.

Nada disto me surpreendeu. Mesmo entrando atrasada na onda da Internet, a Microsoft rapidamente assumiu a liderança em áreas como as ferramentas de navegação, com seu Internet Explorer. Não imaginava nada diferente sobre o ingresso da Microsoft na nuvem. Esta é uma batalha de igual para igual.

O que me surpreendeu foi seu discurso. Em última análise, não eram os produtos, as inovações, as estratégias, que me soaram diferente do que já havia ouvido de outros. Minha surpresa foi quando disseram que o que os diferenciava era a sua rede de parceiros: a capacidade de ter um parceiro Microsoft próximo ao cliente, entendendo suas necessidades e criando soluções próprias integradas às ferramentas Microsoft, tornavam suas soluções diferentes da concorrência.

Bom discurso, pensei, me perguntando ainda o quanto o mesmo refletiria efetivamente nas ações de uma empresa cuja reputação – merecida ou não – era buscar monopolizar os mercados em que atuava. Foi quando, em uma das palestras, ouço da Microsoft que a sua solução completa de “computação nas nuvens” - compatível com linguagens livres, como PHP e Java - também podia ser implantada em clientes.

Empresas de hospedagem poderiam oferecer suas próprias “nuvens”, independentes, utilizando da Microsoft apenas a infra-estrutura de software necessária.

Uma única nuvem, centralizando todo o conhecimento, comunicação, cultura, de todo o mundo, ou inúmeras nuvens interligadas, do tamanho das necessidades de cada pessoa, empresa, entidade ou governo? Certamente, uma das questões essenciais que definiriam os rumos da Tecnologia da Informação nos próximos anos.

Na saída do evento, passo por um Shopping Center. No telhado, células foto-elétricas captam energia solar.

* Rodrigo de Losina Silva é diretor Presidente da Alfamídia Prow.