Como consultor em marketing digital, e envolvido em dois projetos de campanhas na internet nas eleições 2010, tenho acompanhado a movimentação dos partidos e dos marqueteiros responsáveis pelas campanhas dos candidatos, tanto no ambiente offline como no online.
Percebo que o case da campanha de Barack Obama, nas eleições de 2008 nos Estados Unidos, gerou uma grande confusão na mente dos profissionais responsáveis pelas campanhas dos principais candidatos no Brasil.
Afirmo isso porque diferente dos Estados Unidos, onde o trabalho na internet começou no mínimo dois anos antes das eleições, no Brasil, ainda existe candidato buscando entender como funciona a internet para depois dar inicio a divulgação da sua plataforma política.
Na grande maioria dos candidatos, a única participação na internet baseia-se na criação de perfis nas principais redes sociais, como Orkut, Facebook e Twitter, e a publicação de um site com as fotos das campanhas. E claro, um pouco de conteúdo, pois segundo os “especialistas”, conteúdo é o Rei.
É impressionante a quantidade de “especialistas” que surgiram nos últimos meses, mostrando os caminhos a percorrem para o sucesso nas campanhas eleitoras na internet, ou as 5, 7 ou 10 dicas do que fazer.
Ora, de nada adianta dizer para um candidato, criar um perfil no Facebook, colocar seus dados pessoas, atualizar diariamente com as “novidades” do seu dia-a-dia e pronto. Sua campanha nas redes sociais está no ar.
Ingenuidade destas pessoas acreditarem que basta ter um perfil atualizado para se dizer que está sendo feita uma campanha online para determinado candidato.
Atrevo-me a dizer que esta ação em nada irá reverter em votos a estes candidatos. E porque eu afirmo isso?
Porque diferentemente do que acontece na campanha tradicional, onde o foco é pedir votos, na internet, jamais um candidato irá se eleger se utilizar a mesma tática. Ou seja, na internet não se pede votos. Pelo contrário, o foco é ouvir o eleitor, interagir com ele, discutindo temas de interesse da região deste eleitor, ou ligado a sua atividade profissional. A intenção principal é se envolver nas comunidades para ouvir, entender e interagir com os eleitores destas regiões, promovendo um debate em tempo integral.
Quantos candidatos participam de comunidades ligadas a professores, por exemplo? Quantos candidatos ouviram o que se discute nestas comunidades?
O que mais preocupa os marqueteiros na campanha tradicional é com o impacto que os debates de TV geram nos eleitores. E na internet?
Este debate acontece 24 horas por dia. O confronto de idéias é promovido diariamente, minuto a minuto, nas diversas comunidades que as pessoas participam. E o que o candidato deve fazer? Claro que ele deve participar destas discussões interagindo com as pessoas, colocando suas opiniões sobre os assuntos que interessam nas regiões e cidades destas pessoas.
Ao contrário da campanha tradicional, onde o candidato fala para milhares de eleitores, com um discurso pronto e sem nenhuma interação dos presentes, na campanha online, o candidato precisa identificar o que as pessoas de determinada comunidade se interessam e participar de forma ativa desta discussão.
Diferente da campanha tradicional, onde um candidato fala o que quer, na internet se ele adotar esta postura será rechaçado pela comunidade, irá perder seguidores, não será ouvido/lido e conseqüentemente irá perder votos.
E mais, estas pessoas irão divulgar negativamente este candidato. Pior do que não receber votos é ter seu nome associado a atividades negativas na internet. Você por acaso já pesquisou no Google o nome do candidato que você está pensando em votar? Qual o resultado desta pesquisa? São fatos positivos ou negativos?
A internet mostra tudo, não só em período eleitoral. Esta é uma das principais vantagens, pois se em época de eleição o candidato se veste de responsável, sério, trabalhador, ético, a internet irá mostrar o antes desta “transformação”. Nada se perde na web. Tudo fica registrado lá.
Então, o que os candidatos precisam fazer para conquistar o e-eleitor?
Uma participação ativa nas comunidades, maior interação com os twitteiros e blogueiros e entender e conhecer os assuntos discutidos em cada região são as formas dos candidatos se integrarem com os eleitores no ambiente que eles escolheram.
E como fazer isso?
Utilizando ferramentas de monitoramento de redes sociais e pessoal capacitado para interagir nestas comunidades, divulgando, discutindo e propagando as propostas dos candidatos.
Claro que estou falando dos candidatos que realmente possuem uma plataforma política, que são “Ficha Limpa”. Você com certeza já pesquisou no Google ou seguiu a hashtag #fichalimpa no Twitter. Não? Então pesquise no twitter e veja o que significa esta expressão. Quem são os candidatos que divulgam a Lei Ficha Limpa?
O que fazer parece óbvio para todos. Como fazer é que precisa ser entendido pela maioria.
* Paulo Kendzerski é diretor da WBI Brasil