Este é um cenário onde as empresas e prestadores de serviços vivem em algumas situações (nunca desejadas), e tudo relacionado ao objetivo comum fica em risco.

Compromisso de entregar a solução contratada ao usuário final no prazo e qualidade acordados, imagem comprometida dos gestores contratado e contratante, relacionamento abalado (resultado idem), atrito entre as equipes tanto do cliente quanto do parceiro / fornecedor.

Esses problemas normalmente são detectados no início do projeto, de forma mais clara no Business Blueprint (fase de planejamento), por razões estranhas.

O projeto segue adiante, mesmo com situações mal-resolvidas, e durante a fase de realização, testes e testes integrados, começam a aparecer as fissuras (ou fraturas)  decorrentes das falhas identificadas lá atrás, e que obviamente não foram equacionadas  ou negociadas.

Blueprint deve ser tratado como um casamento: deve ficar claro o que cada lado não quer que aconteça, o que realmente não será entregue ou fornecido. O nível de detalhe deve ser o melhor possível para que as rupturas fiquem claras para todos.

A validação deve ser formal e escrita, pelos técnicos e gestores envolvidos. Se isto estiver sendo feito, os riscos são reduzidos drasticamente.

O problema é que este tipo de validação gera desconfortos, e na intenção de não abalar o relacionamento, começam as concessões, daí a ambos os lados, apesar de descontentes com as diferenças, continuam o projeto.

Parece ou não o tal casamento? Tenho certeza que você já ouviu algo parecido.

Posso dizer por histórico, que todo projeto com problemas que comprometem não só a credibilidade das equipes, mas também a autoridades dos gestores precisa de uma reforma.

Se não fossem tantos os interesses acerca dos projetos, eu diria que todos os projetos com problemas pré-existentes devem ser parados, corrigidos e, após correção (e isso inclui mudança até de integrantes e líderes) devem ser retomados.

O maior problema é que em geral, as empresas de Professional Services não estão preparadas para aceitar esta pressão, normalmente procuram concluir o projeto, mesmo que desmoralizadas, sem a perspectiva de retorno financeiro e/ou imagem social.

Os perigos são diferentes para ambos os lados e se resumem conforme abaixo:

“O Gestor / cliente que insiste na implementação de um projeto-problema na ilusão de que o problema se resolverá após o GO LIVE descobre que seu verdadeiro carma começará exatamente quando o usuário desaprovar o que recebeu, acusando a área de TI das perdas financeiras decorrentes de decisões erradas durante o projeto, e poderá deixar de ser gestor”

Por outro lado:

O empresário que não consegue identificar claramente o quanto está disposto a perder para concluir um projeto mal-concebido, negociado ou delimitado corre o risco de deixar de ser empresário antes que o projeto seja concluído.

O único ponto realmente positivo é que todos participantes de projetos problemáticos, sem exceção, se fortalecem e saem muito mais preparados profissionalmente, porém desgastados, necessitarão de apoio de uma gestão de Recursos Humanos, ou serão incentivados a mudarem de empresa, levando junto o conhecimento e experiência adquiridos.

E agora, está mais fácil decidir o que fazer? Espero ter ajudado.


Por Anselmo Comaru, Gerente de Projetos SAP /BPM da BBKO Consulting