A indecisão chega de mansinho.

Seu primeiro sintoma passa praticamente despercebido, disfarçado como uma simples dúvida, aparentemente legítima. Por meses esconde-se debaixo dos panos, ganhando força.

Quando nos damos conta, nenhuma informação é suficiente.

Sempre é necessário buscar mais dados. Decisões simples passam a tomar semanas. Consomem dezenas de horas de reunião e centenas de slides PowerPoint. A empresa fica paralisada.

A inação é sempre uma pior alternativa do que qualquer ação, por mais imperfeita que seja. Não se trata apenas do resultado final, mas do tempo perdido.

Empresas jovens e em expansão não podem perder tempo. Precisam ser ágeis. Precisam olhar o mercado, perceber suas tendências e responder imediatamente. Indecisão é um luxo reservado aos grandes.

A raiz da indecisão está no medo de errar. Porém, o que mata uma empresa não é o erro. O que mata uma empresa é o erro que não é rapidamente corrigido.

Se na primeira vez não acertar, não há problema, tente novamente. Mas faça isto rápido. Ao tentar garantir que toda e qualquer decisão será perfeita perde-se muito tempo.

A concorrência passa a frente, a oportunidade é perdida. Via de regra, o ganho marginal  resultante de uma análise aprofundada é contrabalanceado pelo tempo investido na análise.

Uma decisão baseada no mero palpite de um especialista pode em alguns casos ter uma menor probabilidade de acerto, mas a velocidade da ação compensa o eventual engano.

Nossa cultura abomina o erro.

Desde jovens somos punidos quando erramos.

Recebemos notas ruins, repreensões verbais e até mesmo olhares de pena. O que a maioria das pessoas não percebe é que o erro é apenas cometido por aqueles que estão dispostos a arriscar.

E assumir riscos é o único caminho para o sucesso. Uma empresa que aposta sempre no seguro não se diferencia, não cresce, não evolui. Às vezes é preciso colocar todas as fichas numa ideia, num projeto, numa pessoa.

É preciso ignorar o medo da rejeição e do fracasso e aventurar-se.

Um ditado muito popular nas empresas avessas ao risco e com dificuldades de tomada de decisão é “hire slow, fire slow” (contrate lentamente, demita lentamente).

As companhias que acreditam nisto conduzem um processo de contratação extremamente detalhado e complexo, que não raro consome meses de trabalho revisando currículos e repetidamente entrevistando candidatos.

O que normalmente acontece é que os melhores acabam sendo contratados por outras empresas, jogando por terra todo o esforço empreendido, que deve ser reiniciado. Por outro lado, as empresas que seguem este ditado dão muitas e repetidas chances de recuperação aos colaboradores menos do que adequados.

O problema é que durante este longo período eles continuam desperdiçando recursos da empresa e envenenando seus colegas – seja falando mal da companhia, do chefe ou de outros colegas – ou simplesmente falhando em desempenhar sua parte nas tarefas, prejudicando todo o time.

É por isto que defendo a política “hire fast, fire fast” (contrate rápido, demita rápido), especialmente para startups. Nesta situação candidatos menos do que perfeitos poderão ser contratados, porém o tempo investido (desperdiçado) será mínimo.

O importante aqui é estar atento à parte “demita rápido”.

Não se trata de ser injusto ou cruel, muito pelo contrário.

Ao demitir um candidato que obviamente não se encaixa em nossas empresas estamos dando a ele a chance de encontrar uma oportunidade em uma companhia ou até ramo de negócio onde ele será mais feliz e produtivo.

Adiar o inevitável raramente traz bons resultados. Apenas certifique-se de oferecer um bom pacote de rescisão e de na contratação deixar claras todas as regras e resultados que são esperados dos colaboradores.

Carlos Felipe Zirbes, empreendedor e executivo do ramo da Informática