O mercado financeiro representa um dos principais mercados consumidores de tecnologia da informação, movido por agilidade, segurança, transparência e cada vez mais competição.

Não há dúvida de que a tecnologia é fundamental para o desenvolvimento do mercado financeiro. Investidores, bancos, corretoras e a própria BM&FBOVESPA possuem forte dependência de artefatos tecnológicos para o seu funcionamento bem como para o seu crescimento.

Há poucos anos, para fechar um negócio, eram necessários alguns segundos ou, até, minutos. Hoje, a rotina do mercado financeiro é trabalhar e fechar diversos negócios em milissegundos – ou até em microssegundos.

Tudo isso só foi possível com o uso de tecnologia de ponta por parte de Bolsa, corretoras e investidores.

Gradualmente, a tecnologia começou a ser aplicada no mercado financeiro.

Essa história remonta a 1970, quando a então Bovespa passou a registrar eletronicamente os negócios. Apenas em 1972 a Bolsa começou a difundir em tempo real e online informações sobre o pregão.

De lá para cá, investiu, inventou e se reinventou, passando por diversas evoluções tecnológicas como o lançamento de Home Broker para ações em 1999, Web Trading para Futuros em 2004 e pelo encerramento do pregão viva voz em 2009, quando todas as operações na Bolsa passaram a ser realizadas por meio de plataformas eletrônicas.

 Em 2008, a explosão da bolha imobiliária e a consequente crise financeira complicaram a vida do mercado financeiro global, e o Brasil não passou ileso – nós ainda estamos sentindo reflexos fortes dessa crise que, por sinal, ainda não acabou.

Isso, porém, não impediu que o mercado continuasse a buscar e aplicar mais tecnologia – de 2008 para cá, o mercado financeiro aumentou ainda mais seu apetite por tecnologia, com o intuito de reduzir custos e também de elevar a competitividade no mercado.

O mercado financeiro nacional passou por diversas fases de demanda de tecnologia.

A primeira forte onda foi a do sistema de informação financeira, conhecido mundialmente como market data.

A fase seguinte, intensificada em 2004, foi marcada pela forte automatização de roteamento de ordens - houve o surgimento de várias plataformas de negociação e roteamento de ordens.

Em 2009 foi a vez dos sistemas de algoritmos trading e dos sistemas de risco pré e pós-trading.

De lá para cá, o mercado tem se preocupado fortemente com a consolidação e maturidade em TI, melhorando processos e unindo pessoas e tecnologia.

Com o advento de sistemas de algorithm trading, que possibilitam a execução inteligente de negócios através de regras, fórmulas e parâmetros pré-definidos ou definidos em run-time (durante a execução o próprio algoritmo pode assumir outros comportamentos).

O mercado financeiro continua a buscar mais tecnologia, redes de alta velocidade e alto poder de processamento para grandes volumes de dados, de forma a propiciar tomadas de decisão cada vez mais rápidas.

Entretanto, nem tudo é tecnologia.

Pessoas, processos e tecnologia precisam andar juntos.

Pessoas, sim!

O mercado financeiro tem uma forte demanda por tecnologia, mas os gestores não podem se esquecer de suas equipes e das pessoas envolvidas.

A tecnologia vai mudar, vai passar e vai se transformar, e até mesmo desaparecer ou ser recriada, mas as pessoas continuarão conosco sempre. Não faremos tecnologia com tecnologia.

Tecnologia pode ser comprada, mas pessoas devem ser  conquistadas e treinadas.

* Leonardo Reis é CEO da Cedro Finances