TI do governo está em obras.
O governo federal publicou o edital para a contratação de nuvem pública, com um valor estimado de R$ 370,47 milhões para no mínimo dois fornecedores diferentes.
A cifra mostra que Brasília decidiu aprofundar a sua aposta no cloud computing.
O primeiro edital do tipo, vencido no final de 2018 pela Embratel oferecendo nuvem da AWS, era estipulado em R$ 70 milhões, mas ficou em R$ 30 milhões com a disputa entre 12 empresas.
Mesmo que o governo consiga novamente reduzir o valor final pela metade, ele ainda estaria fazendo uma compra seis vezes maior, tirando fora da conta as adesões posteriores.
O primeiro edital começou com 12 primeiros órgãos federais na ata inicial, mas teve 14 adesões posteriores, o que elevou o total contratado para mais de R$ 55 milhões.
Dessa vez, mais órgãos do governo embarcaram já no começo. O edital já sai com 44 interessados.
O edital prevê uma contratação inicial do integrador por 24 meses, mas com possível ampliação para 60 meses.
A ata de registro de preços, a partir da qual são feitas as adesões posteriores, vale por 12 meses.
Entre as exigências, em que pese se tratar de nuvem, o edital determina que “dados, metadados, informações e conhecimento, produzidos ou custodiados pela contratante, bem como suas cópias de segurança, residam em território brasileiro”.
Além disso, ao menos um dos provedores ofertados pelo broker deverá possuir, no mínimo, três data centers, sendo pelo menos um no Brasil. Os demais provedores de nuvem devem necessariamente ter pelo menos um datacenter no país.
A nova licitação é mais um passo do governo em direção a uma estratégia de comprar tecnologia em grandes quantidades, de preferência na nuvem, visando diminuir o custo total da TI pública.
Outro eixo da estratégia é apertar os grandes fornecedores diretamente.
Em julho, a Microsoft fechou um acordo com o Ministério da Economia se comprometendo a vender uma tabela com 2 mil produtos para o governo com um preço 22,71% menor nas licitações públicas daqui para frente.
O governo fez a mesma coisa com Adobe e Broadcom (para a linha de produtos Symantec), impondo descontos de 22,49% para a primeira e de 21,67% para a segunda, em ambos os casos para 11 produtos e serviços.
Em outubro, o governo federal anunciou a compra de 160 mil licenças da suíte de escritório Office 365, a um custo estimado de R$ 48,71 milhões, no que é uma das maiores aquisições de tecnologia do tipo já feita em Brasília.
As licenças irão para um total de 148 órgãos (88 interessados na versão enterprise e 60 na versão educacional), que indicaram participar da ata de registro de preços, o que é uma quantidade sem precedentes.
O último empecilho era a replicação de dados do governo fora do país, o que era considerado problemático para a segurança nacional durante as administrações petistas e provavelmente segue sendo pela ala mais nacionalista dos militares, que tem influência nesse tipo de decisões em Brasília.