
Fernando Montera Filho, fundador e CEO da Doji. Foto: Divulgação
A Doji, startup de compra e venda de eletrônicos usados fundada no Reino Unido pelo brasileiro Fernando Montera Filho, desembarcou no Brasil após 18 meses de operação.
Montera Filho havia vendido a Becommerce, uma empresa de software as a service (SaaS) que integrava sellers com marketplaces, para o Mercado Livre em 2017. Na época, assinou um contrato de non-compete com a companhia.
Até dezembro de 2022, o fundador não poderia lançar nenhum produto ou empresa que competisse com o e-commerce nos países em que a compradora atua.
"Países da América Latina estavam fora do escopo e eu não queria esperar todo esse tempo pra poder lançar o produto. Me juntei com dois colegas que fizeram mestrado comigo lá em Oxford e, depois de avaliar vários possíveis países que não estavam englobados no non-compete, acabamos decidindo pelo Reino Unido por uma série de fatores, como o alto consumo anual per capita no e-commerce", explica o fundador.
Os outros dois fundadores são Satyen Fakey e Bilal Ishaq Khan, mas quem comanda a empresa é Montera Filho.
Para criar o negócio, foram feitas entrevistas com cerca de 500 pessoas para entender o porquê das pessoas não venderem seus produtos usados. As principais razões encontradas foram preços injustos e experiências ruins de venda.
"Não tinha nenhum lugar onde a gente entendia que preço e conveniência era entregue simultaneamente, e aí vem a Doji, criada para resolver a dificuldade que as pessoas têm de vender os seus eletrônicos usados", afirma Montera Filho.
No Reino Unido, um iPhone 13 custa por volta de £749 (cerca de R$ 4.689,47). Por meio da Doji, o preço médio do mesmo aparelho é de £430 (aproximadamente R$ 2.692,22), 43% mais barato.
Para o Brasil, a empresa pretende trazer o mesmo nível de competitividade. O empreendedor vê dois pontos fortes no mercado local: o potencial de crescimento e o estágio inicial da indústria e infraestrutura ao redor de eletrônicos usados.
No momento, a Doji possui um escritório no país e um no Reino Unido. Com cerca de 30 funcionários trabalhando de forma híbrida, 70% da equipe é do Brasil.
Para o futuro, o objetivo da Doji é fazer com que eletrônicos usados funcionem como uma moeda de troca em diversos varejistas, tornando os produtos "tão líquidos como o dinheiro".
"A nossa ideia, tanto no Brasil como no Reino Unido, é começar a fazer parcerias com grandes redes varejistas e prestadores de serviços para que essas redes passem a aceitar produtos eletrônicos usados como parte de pagamento", explica Montera.
Para o final deste ano, a meta da startup é que o Brasil represente entre 30% e 40% da receita e que a operação total chegue a aproximadamente US$ 10 milhões de GMV processado, o que levaria a empresa a levantar sua próxima rodada de investimentos. Desde sua fundação, a Doji já captou US$ 5 milhões de fundos.
"A ideia é ir pra mercado no final do ano, começo do ano que vem, pra levantar nossa próxima rodada de investimento, que ainda tem valores e timing a ser definido. Vai depender também da evolução do negócio até lá", adianta o fundador.
Antes da Doji, Montera também fundou a Hubster, um conjunto de aplicativos em nuvem para serviços de alimentação para restaurantes, na qual atuou por cinco anos.
Em 2011, fundou a Becommerce, que cresceu sem rodadas de investimentos e foi totalmente vendida depois de seis anos de operação para o Mercado Livre, que já transacionava cerca de 20% de todo seu volume pela startup.
Após a venda, Montera entrou para o time do Mercado Livre como head da unidade, sendo responsável pela operação, F&A, produto, tecnologia, estratégia e integração pós-fusão do lado da Becommerce.
Na empresa, atuou por três anos como diretor de soluções corporativas e head de inteligência e logística.
Atualmente, o executivo também é vice-presidente e investidor-anjo na Poli Angels, com cerca de 30 startups em seu portfólio.