Sady Jacques.
Depois de um cancelamento por falta de verbas no ano passado, o Fórum Internacional Software Livre – FISL terá a sua 18ª edição realizada no centro de eventos da PUC-RS em Porto Alegre de 11 a 14 de julho.
O FISL deve acontecer numa versão reduzida, esperando entre 1,5 mil e 2 mil participantes, contra os 7 mil público médio dos anos dourados (o maior de todos foi o de 2009, quando participou o então presidente Lula e 10 mil pessoas).
“Nossa tarefa é manter a chama acesa enquanto for possível. Esse é um evento de resistência”, resume o coordenador geral da Associação Software Livre.org, Sady Jacques.
De acordo com Jacques, para colocar o evento para rodar a ASL.org enfatizou o trabalho junto com as diferentes comunidades relacionadas a distribuições de software open source, que fazem do Fisl o seu ponto de encontro anual.
Em seu site, o Fisl também exibe patrocínios nível Ouro da Caixa e do governo federal, além de Prata da Sidia e Bronze da Zimbra e Zextras. É um número de apoiadores bem abaixo dos anos mais movimentados do evento.
O número de palestrantes internacionais também diminuiu. O nome confirmado até o momento é o do mexicano Manuel Haro Márquez, professor da Universidad Autónoma de Zacatecas, uma região no centro do país que tem investido em software livre na administração pública.
O Fisl 18 pode marcar o canto do cisne de um evento promovido na capital gaúcha desde 2000 e que durante um bom tempo foi um ponto de encontro para o debate sobre o avanço de software open source na administração pública brasileira.
Não por acaso, os problemas do FISL começaram com a saída do poder do PT, partido que abraçou de maneira mais consistente a defesa do uso de open source no governo.
“O software livre vai bem, obrigado”, resume Jacques, fazendo menção a tendências tecnológicas como Internet das Coisas e Big Data, que estão decolando em grande parte por terem no seu centro padrões tecnológicos abertos.
Ao mesmo tempo, Jaques reconhece que as políticas públicas em torno do tema estão em “estagnação e retrocesso” desde a saída de Dilma Rousseff da presidência.
A primeira edição do Fisl, em 2000, aconteceu durante o governo de Olívio Dutra (PT) apresentando cases de quase uma década de adoção de software livre nas gestões petistas de de Porto Alegre nos anos 90.
Com a chegada do PT a Brasília, o evento começou a receber o apoio continuado de empresas públicas e ministérios e passou por uma era de expansão, chegando ao recorde de 2009.
Ao mesmo tempo, profissionais ligados ao software livre em Porto Alegre, como Rogério Santanna e Marcos Mazoni, chegaram a altas posições em Brasília, como a presidência da Telebras e do Serpro.