Marília Cardoso, fundadora da InformaMídia e sócia-fundadora da PALAS. Foto: Divulgação.
Inúmeras empresas já perceberam que a inovação é um caminho sem volta. Diante de rápidas, constantes e profundas transformações, muitas estão recorrendo a treinamentos, consultorias e novas metodologias capazes de prepará-las para o futuro emergente.
Tem sido cada vez mais comum a implementação de técnicas como Design Thinking e Scrum, que facilitam a busca por novas ideias e criam métodos mais ágeis para fazer implementações. No entanto, a grande maioria dessas empresas ainda lamenta o fato de que boa parte dessas possíveis inovações acabam morrendo nos próprios post-its.
Isso acontece porque, embora estejam atentas às essas demandas, muitas empresas são incapazes de criar uma cultura, de fato, inovadora. Dessa forma, treinamentos e novas metodologias acabam surtindo um efeito parecido com o das palestras motivacionais: engajam, empolgam, mas seus efeitos não são duradouros.
Foi pensando nisso que me dediquei a buscar algo mais profundo, capaz de fazer com que as inovações fizessem parte da rotina de uma empresa, de forma sólida, sistêmica e não apenas esporádica. Só assim seria possível colher frutos verdadeiros e com constância.
Acabei me deparando com algo até então inimaginável: uma norma ISO de inovação, a 56.002. A ISO - Internation Organization for Standardization, é uma organização sem fins lucrativos, sediada na Suíça, que surgiu no pós-guerra, com o objetivo de estabelecer padrões para reconstruir um mundo devastado por bombardeios.
Hoje, são centenas de normas que ajudam a regular mercados e estabelecer padrões internacionais. A mais famosa, a 9.001, se refere à qualidade e chegou ao Brasil na década de 80. Depois, vieram a 14.001, de meio ambiente, e a 45.001, de saúde e segurança, só para citar as mais comuns por aqui.
Num primeiro momento, uma norma para inovação me pareceu algo extremamente contraproducente. Como profissional da área, entendo que a inovação precisa de mentes abertas, intuitivas e até um pouco rebeldes. Colocar tudo em “caixinhas”, de modo padronizado e linear, não parecia um bom caminho.
No entanto, percebi que a própria ISO inovou. A 56.002, diferente da maioria das outras normas, não é de requisitos, mas sim de diretrizes. Ou seja, não diz o que a empresa precisa fazer, apenas aponta caminhos possíveis. Ela entende que a inovação é diferente para cada um, sendo impossível criar algo padronizado e engessado. Não tem receita de bolo!
Para chegar a essa norma, um comitê técnico estudou as melhores práticas de inovação nos 163 países membros da ISO desde 2008, tendo o Brasil participado ativamente. Nosso país, está entre os três primeiros certificados nessa norma, ao lado de China e Inglaterra.
Como é mais flexível, a ISO 56.002 está ancorada em oito pilares: gestão de risco, direcionamento estratégico, liderança visionária, cultura adaptativa, resiliência, gestão de insights, gestão por processos e realização de valor.