Fátima bana, especialista em marketing digital e e-commerce. Foto: divulgação.
Faz quase dois anos que eu circulo no ambiente de startups. Sempre atuei com poder de decisão nas áreas de marketing e tecnologia.
Devido a isso, eu observava nos olhos de cada um que dividia comigo o mesmo espaço profissional, a desconfiança, o pré-julgamento, o risinho no canto da boca que deixava explícito pensamentos do tipo: “onde ela pensa que vai? Quem ela acha que é para falar comigo assim? ”, e por aí vai.
O machismo sempre foi algo a se superar. Não é um tema recente, mas, sim, recorrente e em contraste com todas as evoluções corporativas desde então.
Cansei de ver chefes pitizentos sendo vistos como duros e exigentes. As mulheres duras e exigentes, eram taxadas como loucas e de gênio difícil.
Isso tudo pelo simples fato de serem mulheres, pessoas consideradas do “sexo frágil”, sem capacidade para ocupar grandes cargos, sem poder de decisão, ou gerir possíveis crises na empresa.
Tudo isso pelo fato de as práticas machistas dentro de uma empresa serem ainda recorrentes e naturalizadas. Infelizmente, isso não acontece só no Brasil, mas ao redor do mundo.
Alguns destaques que podem ser observados com base no estudo produzido pela Central Mulheres, em parceria com a Inesplorato e a Avon, são: a disparidade salarial entre homens e mulheres ainda é de 27,1%, em média.
No intervalo de 10 anos (2000-2010), o valor médio do salário das mulheres diminuiu 3,2%. O dos homens aumentou em 2%; 14% dos cargos de CEO, apenas, são ocupados por mulheres. Entre as lideranças, elas somam só 23% do total.
Isso faz parte de uma cultura machista construída e que com o passar do tempo foi intensificada no meio das startups, o que hoje já pode ser considerada como “default”. A violência com que vejo mulheres sendo tratadas no mercado de trabalho beira o insano.
E como mudar isso? O #heforshe ajuda, mas o #sheforshe ajuda ainda mais. O poder de decisão e o respeito são questões muito mais profundas.
Essa semana, conversando com outras mulheres do meio, percebi que existem dois tipos de startups: aquelas que são criadas por sócias e as que quase não possuem mulheres envolvidas.
Com isso, é possível perceber que há uma cultura formada pela desconfiança, por não querer receber ordens de mulheres, e por achar que mulher dura, não passa apenas de uma pessoa difícil de conviver, conflituosa ou pior, ela “dá piti” e não orientações de forma assertiva.