AMD: AL não comporta fábrica de chips

A América Latina não tem infra-estrutura para abrigar uma fábrica completa de semicondutores, que exigiria investimentos de bilhões de dólares. A análise pessimista é do presidente-executivo da AMD, Hector Ruiz, informa a Reuters.

Para o executivo, na indústria de semicondutores é preciso pelo menos US$ 4 bilhões para se fazer uma fábrica. Na América Latina, segundo ele, não haveria qualquer país capaz, em termos estruturais, de abrigar um empreendimento desta natureza.
20 de maio de 2008 - 11:05
A América Latina não tem infra-estrutura para abrigar uma fábrica completa de semicondutores, que exigiria investimentos de bilhões de dólares. A análise pessimista é do presidente-executivo da AMD, Hector Ruiz, informa a Reuters.

Para o executivo, na indústria de semicondutores é preciso pelo menos US$ 4 bilhões para se fazer uma fábrica. Na América Latina, segundo ele, não haveria qualquer país capaz, em termos estruturais, de abrigar um empreendimento desta natureza.

Ruiz esteve no Brasil na segunda-feira, 19, participando do IC Executive Summit, seminário do Ministério de Ciência e Tecnologia sobre oportunidades de investimento no setor no país. As declarações do chairmann da AMD foram um balde de água fria no discurso do governo federal, que está em um momento de ênfase na indústria de semicondutores como um dos pontos principais de sua política de desenvolvimento.

Só o PAC-TI prevê investimentos no setor de microeletrônica que incluem ampliação de sete para 15 no número de centros de desenvolvimento de circuitos integrados do país. A expansão da formação de recursos humanos nesta área também é prevista pelo projeto.

Segundo Ruiz, a AMD veio mesmo conferir os planos do governo brasileiro para a área de semicondutores. Porém, ponderou que instalações de fábricas mais modestas, voltadas à montagem e teste de chips, têm mais a ver com a realidade não só do país, como de toda a AL.

Para o executivo, até 2020 a necessidade do mundo todo por semicondutores irá quintuplicar em relação à demanda atual. Ou seja, todo investimento na área deve ser calculado a longo prazo. “A indústria de semicondutores é como uma roleta-russa, leva-se quatro anos para saber se haverá uma bala no revolver", concluiu Ruiz.

Toshiba diz o contrário
Anotações do Itamaraty sobre uma reunião da ministra Dilma Rousseff com empresários japoneses durante visita ao Japão indicam o contrário do apontado por Ruiz.

As informações extra-oficiais dão conta que o vice-presidente-executivo da Toshiba, Masashi Muromachi, afirmou que a multinacional decidiu instalar uma fábrica de semicondutores no país.

A informação de Muromachi contradiz afirmações feitas em março por outros porta-vozes da companhia ao governador carioca, Sérgio Cabral Filho, quando a afirmação foi que a Toshiba teria desistido do projeto, alegando falta de infra-estrutura, fornecedores e mão-de-obra qualificada.