
Basf quer ampliar receita global para € 115 bilhões em 2020. Foto: Arthur Calasans.
A Basf reforçou sua estrutura de pesquisa no Brasil para aproveitar oportunidades de negócios regionais ligadas às áreas de alimentos e farmacêutica. A empresa instalou dois laboratórios em Jacareí, um voltado à nutrição humana e outro dedicado a formulações para a indústria farmacêutica. O investimento nas novas unidades foi de € 1 milhão.
A expectativa é que as unidades tenham um papel fundamental na geração de uma receita de € 3 bilhões por ano na região com produtos de inovação até 2025, afirmou Rony Sato, gerente de tecnologia e inovação da Basf, em entrevista ao Valor.
"A indústria química produz poucos ativos no Brasil, mas é forte em formulações, por isso o esforço de desenvolvimento no país", disse.
O movimento é motivado pela meta da companhia de ampliar sua receita global de € 74 bilhões em 2013 para € 115 bilhões em 2020, um crescimento de 55,4%,.
Da receita registrada no ano passado, € 8 bilhões foram obtidos com produtos inovadores lançados nos últimos cinco anos. A América do Sul respondeu por 6% dessa receita (€ 480 milhões) e o Brasil, por aproximadamente metade do valor.
Até 2020, a projeção é que os produtos inovadores respondam por uma receita global de € 30 bilhões, o equivalente a um avanço de 275% frente a 2013. A expectativa é que 50% da inovação seja desenvolvida na Europa, 25% nas Américas e 25% na Ásia.
No ano passado, 73% dos produtos inovadores vieram da Europa e 27% de laboratórios nas Américas e na Ásia.
Tatiana Kalman, diretora de nutrição e saúde para América Latina da Basf, disse ao Valor que os novos laboratórios foram instalados lado a lado para levar inovações da área farmacêutica à indústria de alimentos e vice-versa.
Na área farmacêutica, o novo laboratório dedica-se a novas formulações com princípios ativos já existentes. Sato citou como exemplos medicamentos que apresentam um tempo de liberação dos ativos mais longo, ou que podem ser absorvidos mais rapidamente pelo organismo.
O executivo citou como um dos avanços a instalação em Jacareí de equipamentos com a tecnologia de termo-extrusão. Trata-se de um processo usado para facilitar o fracionamento e a ingestão de princípios ativos difíceis de ser dissolvidos em água. A técnica é usada há décadas pela indústria alimentícia, mas só em anos recentes passou a ser usada para produzir medicamentos.
A tecnologia permite, por exemplo, desenvolver medicamentos para doenças crônicas capazes de liberar os princípios ativos no organismo ao longo de uma semana, em vez de horas. Também é possível criar medicamentos que são dissolvidos mais rapidamente pelo organismo.