
Especificamente sobre a crise no Planalto, Lula disse sentir-se como alguém que “toma uma facada nas costas”. Para ele, os trâmites com o empresário Marcos Valério e as compras de votos foram uma traição não somente a sua pessoa, mas a “outros milhões de brasileiros que dedicaram parte de sua vida para construir um instrumento político que pudesse ser diferente de tudo que estava aí", conforme ressalta O Estado de São Paulo.
Questionado sobre uma possível recuperação do PT, Lula afirmou que o partido ainda vai "sangrar muito" para restaurar a credibilidade perdida com os escândalos de 2005. "O PT cometeu um erro... Um erro que é de uma gravidade incomensurável. Todo mundo sabe que o PT cometeu um erro que será de difícil reparação pelo próprio PT”, afirmou o presidente, conforme destaca a Folha de São Paulo. Entretanto, o diário traz ainda ressalvas do governante a respeito da “volta por cima” da sigla. “Acho que tem salvação porque é um partido muito grande. E, numa família, quando alguém comete um erro qualquer, você não pune a família inteira: vai ser punido quem cometeu o erro. A legenda continuará com a mesma grandeza com que fez política nestes últimos 20 anos", ressaltou.
Os jornais também enfatizam as respostas evasivas do presidente. Por exemplo, questionado sobre se sabia dos esquemas de corrupção, ele despistou: "O que é importante... O que é importante não é se você sabia ou não, porque, se eu tivesse condições de saber, não teria acontecido. Esse é o dado concreto. Se eu tivesse condições de saber, não teria acontecido”. Outra esquiva veio após a pergunta sobre as próximas eleições, quando o governante não deixou claro ser será ou não candidato. "Eu não tenho pressa. Quem tem pressa são meus adversários", declarou.
Lula fez questão de ressaltar também que não sabia do esquema de caixa 2 no PT e de que, com a instauração da CPI e a apuração das denúncias, o governo “fez a sua parte” para acabar com o esquema corrupto. "A única coisa que eu peço a Deus é que, quando terminar tudo isso, aqueles que me acusaram me peçam desculpas", disse, criticando a "leviandade" no julgamento dos envolvidos na crise política, conforme salienta o Jornal do Brasil.
Para 2006, o presidente fez projeções otimistas. “Este será o ano do povo brasileiro", afirmou. Outras declarações do governante, destacadas pelo Valor Econômico, dão conta de que o PIB brasileiro terá, este ano, um crescimento "acima da média". De acordo com Lula, candidato ou não à reeleição, ele próprio e o País terão "muita coisa para colher" nos próximos 12 meses.