PT move notícia-crime contra site Transparência Brasil

O diretório estadual de São Paulo do Partido dos Trabalhadores (PT) encaminhou nesta segunda-feira, 14, uma notícia-crime à justiça, apontando supostas irregularidades em textos e campanhas da Associação Transparência Brasil, capitaneada pelo jornalista Cláudio Weber Abramo.
16 de agosto de 2006 - 10:51
O diretório estadual de São Paulo do Partido dos Trabalhadores (PT) encaminhou nesta segunda-feira, 14, uma notícia-crime à justiça, apontando supostas irregularidades em textos e campanhas da Associação Transparência Brasil, capitaneada pelo jornalista Cláudio Weber Abramo. O partido afirma que a ação “Não vote em mensaleiro”, que publica no site do movimento uma lista de todos os acusados nos mais recentes escândalos políticos, penaliza de antemão candidatos ainda não julgados.

A Transparência Brasil foi fundada em 2000, com o objetivo de combater a corrupção através da divulgação na Internet de relatórios e bancos de dados com informações sobre políticos e candidatos. Campanhas de mobilização social contra fraudes eleitorais e de gestão também são movidas pelo portal.

Para justificar a notícia-crime, o PT usa como argumento um texto de autoria de Abramo que pede que os eleitores não votem em “mensaleiros, vampiros e outros animais da mesma família”. De acordo com o diretório paulista do partido, a comparação “atenta contra a honra dos deputados citados”. A notificação foi encaminhada à Procuradoria Regional Eleitoral, para que o órgão decida pela abertura ou não de inquérito para investigação do caso.

Mas o PT não é o único a se incomodar com as afirmações de Abramo. Em seu blog, o jornalista divulgou esta semana uma tentativa de intimidação realizada pelo procurador parlamentar da Câmara, deputado Ney Lopes (PFL - RN). Um ofício redigido pelo chefe de gabinete de Lopes ameaça processar o Transparência Brasil por injúria e exige a retirada das menções à “Não vote em mensaleiro” do site da entidade em 24 horas (a contar do dia 10 de agosto). O pedido não foi atendido.

Abramo argumenta que em nenhum momento sua campanha expressa alguma inverdade, já que os deputados listados de fato foram indiciados em escândalos recentes. Baseado nisso, o jornalista diz concluir que não há nada que possa impedir o Transparência Brasil de fazer campanha “para que o cidadão evite votar no gênero de indivíduo que se comporta de modo a dar motivos para sofrer indiciamento criminal”. Além disso, o mentor do site e da Associação destaca, falando por toda sua equipe, que “não acusamos ninguém de nada, não dissemos que ninguém é culpado, apenas que não se vote nesses candidatos”. Uma posição oficial da Transparência Brasil deverá ser veiculada nesta quarta-feira, 16.