Clientes da SAP estão deixando o S/4 para mais tarde. Foto: Depositphotos.
Uma pesquisa feita com integrantes da ASUG, a associação de usuários de sistemas da SAP na América do Norte, apontou que 60% dos 173 integrantes já estão operando ou em processo ativo de migração para o S/4 Hana, a última versão do ERP da multinacional alemã.
Os 40% de usuários restantes provavelmente ainda dependem do sistema legado ECC ou anterior.
A cifra é chamativa, porque faltam no momento dois anos para o fim do suporte normal aos sistemas legados por parte da SAP.
O suporte principal ao ECC termina após 2027, enquanto o suporte estendido estará disponível até o fim de 2030, com um acréscimo de 2% no custo.
A pesquisa foi encomendada pela Precisely, uma empresa que oferece ferramentas para limpar, validar e transferir dados para o S/4HANA. Quanto menos gente migrou, mais potenciais clientes a empresa tem.
Talvez por isso, a pesquisa não define direito o que significa “em processo”, embora as migrações de ECC para S/4 Hana possam levar anos em grandes organizações, o que, aliás, é o caso típico de uma empresa associada na ASUG.
Dados da Gartner, divulgados no início deste ano, mostravam que apenas 39% dos usuários de ECC no mundo haviam licenciado o S/4 Hana para iniciar a migração.
A pesquisa da ASUG apontou que a mudança de processos de negócio foi a maior barreira à migração para 49% dos entrevistados.
Para 44% dos usuários as customizações um grande obstáculo à migração. Isso acontece porque a SAP agora exige que customizações feitas nas versoes anteriores sejam movidas para o chamado Business Technology Platform, deixando o número original do S/4 Hana “limpo”, o que é conhecido como estratégia “clean core”.
Isso é um problema para grandes empresas, algumas das quais têm décadas de customizações antigas no ECC.
“Muitas organizações criaram processos exclusivos e críticos para o negócio no ECC que não podem ser transferidos com as ferramentas padrão de migração da SAP. Isso torna difícil adotar a estratégia de ‘núcleo limpo’ da SAP, frequentemente exigindo o desenvolvimento de ferramentas personalizadas adicionais ou soluções manuais”, diz a pesquisa.
A inércia organizacional representou barreiras à migração para 37% dos entrevistados.
“A gestão da mudança continua sendo um dos desafios mais subestimados. As empresas nos dizem constantemente que as transformações culturais e operacionais associadas à mudança para o SAP S/4HANA são tão desafiadoras quanto a própria migração técnica”, acrescenta o relatório.
Um dos problemas é que os usuários têm dificuldade em justificar grandes gastos e interrupções por um software que, essencialmente, replica funcionalidades já existentes.
Embora a SAP destaque os ganhos de agilidade e produtividade do S/4 Hana, uma pesquisa recente Rimini (outra empresa que tem seus interesses no mundo SAP) apontou que um terço dos pesquisados (31%) disse ser difícil projetar retorno para a sua empresa no investimento. Outros 64% disseram que precisam de algum esforço e apenas 5% disseram que era fácil.
O mesmo levantamento também mostrou que 83% dos usuários não compreendem totalmente as políticas e prazos mais recentes de migração da SAP, e que 84% expressaram preocupação com a comunicação atual da empresa e o impacto em suas operações.
