O SENSO DO NON-SENSE

Seu plano a longo prazo está errado

Afirmação é de uma sumidade: neurocientista e biólogo norte-americano Eric Haseltine, ex-chefe de tecnologia e inovação em grandes companhias como a Disney e da agência de espionagem americana National Security Agency.

12 de junho de 2013 - 17:52
Eric Haseltine falou no CIAB.

Eric Haseltine falou no CIAB.

Você gestor que já está com seu plano para cinco ou dez anos já traçado pode ter que rever suas previsões. Provavelmente elas estão erradas e não farão sentido a longo prazo.

Quem diz isso é o neurocientista e biólogo norte-americano Eric Haseltine, ex-chefe de tecnologia e inovação em grandes companhias como a Disney e da agência de espionagem americana National Security Agency, que palestrou nesta terça-feira, 12, no Ciab 2013, em São Paulo.

Atual sócio da consultoria Haseltine Partners, Haseltine chamou a atenção dos executivos do setor bancário aos fatores não previstos na estratégia de gestão, e que as boas ideias do futuro podem não fazer o menor sentido hoje.

“Há trinta anos atrás, não faria sentido prever que futuramente todos nós estaríamos acessando nossos dados bancários usando um telefone”, observou.

Para Haseltine, antecipar o futuro não é um exercício de adivinhação, mas sim de tentativas, ou o que ele chama de “acidentes planejados”, ou seja, estimular a inovação através de planos sem uma finalidade específica, mas que tragam novas soluções.

“Empresas podem estimular a criação de experimentos de baixo custo, por conta de seus colaboradores, criando um sistema constante de inovações pequenas, que podem ou não ser expandidas”, explicou.

Palestrando para executivos do setor financeiro, Haseltine frisou que é mais difícil inovar, devido às regulações do segmento. No entanto, este ritmo de criação pode ser mantido, mesmo sem implantações.

“Com isso, é possível se manter à frente da curva, se preparando para as novas tendências, a tempo de acompanhar a mais recente onda, ou desviar de obstáculos”, frisou.

Segundo o neurocientista, este exercício em inovação se assemelha a dirigir um carro, e se baseia em cinco fatores: eliminar retrovisores, dirigir de forma destemida, tomar caminhos alternativos, usar diferentes veículos e, eventualmente, se perder de propósito.

Para o palestrante, ideias “loucas” podem ser a solução para recuperar a produtividade da companhia.

Por exemplo, colocar decisões administrativas nas mãos dos funcionários nem sempre é um tiro pela culatra, assim como não ouvir a vontade de consumidor pode ser uma forma de criar algo novo.

“Quando Steve Jobs anunciou o iPad, com uma tela maior, todo mundo pensou que ele não fazia sentido. Mas ele pensou à frente e renovou o mercado”, afirmou.

Usar a insatisfação dos funcionários para estimular novas saídas também é uma forma de pensar à frente do plano tradicional, destaca Haseltine.

“Dê uma chance a aquele funcionário descontente para fazer o que ele acha produtivo para a empresa, e veja o que acontece”, desafiou.

* Leandro Souza cobre o CIAB Febraban em São Paulo à convite da SAP do Brasil.