
Canadá é o sonho de muitos brasileiros. Foto: Depositphotos.
Está aumentando o número de imigrantes que decidem deixar o Canadá, seja para voltar aos seus países de origem, ou ir morar em outro lugar.
As taxas anuais de imigrantes que deixam o Canadá atingiram o pico em 2017 e 2019, de 1,1% e 1,18%, respectivamente, um aumento significativo frente a uma média histórica de 0,9% registrada desde 1982 (por questões metodológicas, os dados avaliados vão até 2020).
Os dados são do Instituto da Cidadania Canadense, uma ONG pró-imigraçao, e do Conference Board do Canadá, um think-tank que é referência em pesquisa sociológica no país.
Uma modificação na casa de décimos de ponto percentual pode parecer pouca coisa, mas os autores do estudo apontam para as consequências a longo prazo, em um período de 25 anos, por exemplo, no qual uma taxa de 0,9% leva cerca de 20% do conjunto.
O estudo também aponta que a cifra dos que abandonam o país é maior entre os grupos que se mudaram para o Canadá mais recentemente, o que é outro agravante.
As causas da desistência seriam os problemas de acesso à habitação, um sistema de saúde sobrecarregado e subemprego, entre outras questões, na análise dos promotores do estudo.
O Canadá tem relativamente poucos dados sobre quem sai do país. O próprio estudo foi feito comparando dados de entrada com declarações de imposto de renda.
Um ponto que não é mencionado, mas que pode ser um fator, é a proximidade com os Estados Unidos: depois de obter a cidadania canadense, é relativamente fácil imigrar para o país, que compartilha uma longa fronteira com o Canadá.
Manter um fluxo constante de imigrantes qualificados é um assunto chave no Canadá, que visa assim contornar os efeitos do envelhecimento da população do país, hoje com 38,5 milhões de habitantes.
Por outro lado, o Canadá atravessa um período de inflação elevada e grande aumento do custo da moradia, o que está gerando críticas à estratégia do governo de aumentar a população total do país.
No início desta semana, uma pesquisa do Instituto Environics mostrou um enfraquecimento do apoio público a níveis elevados de imigração.
A situação tem impacto para o Brasil, ou para os profissionais de TI brasileiros, que nos últimos anos têm emigrado em grandes números para o Canadá.
Segundo dados divulgados recentemente, um total de 1,675 profissionais de tecnologia brasileiros migrou para o Canadá nos 12 meses encerrados em setembro, tornando o Brasil a terceira maior fonte de mão de obra para a TI canadense.
O Brasil só fica atrás da Índia, a líder absoluta com 15 mil imigrantes, e da Nigéria, com 1,8 mil.
Vale a pena pôr os números em perspectiva. Com 1,4 bilhão de habitantes, a Índia tem uma população seis vezes e meia maior do que a brasileira, além de ter há décadas uma política agressiva de formação de mão de obra em tecnologia.
Já a Nigéria tem uma população similar à brasileira. A lista segue com Ucrânia, Filipinas e Irã, todos na faixa dos 1 mil profissionais.