Tenho certeza de que um viajante que chegue a Porto Alegre nestes dias e procure inteirar-se sobre a campanha eleitoral em curso ficará convencido de que o único problema desta cidade é o modo como se deliberará, no próximo quadriênio administrativo, a respeito do orçamento municipal. Só se fala em OP.
Faltaria espaço para discriminar e não constitui objeto deste artigo, aquilo que a população de Porto Alegre gostaria de ver sendo debatido pelos candidatos. O que importa analisar é o que está na pauta, trazido pelo candidato da situação e seus marqueteiros que flagraram uma contradição entre a posição do candidato da oposição e seu vice. De fato, Eliseu Santos manifestou-se contra o OP e José Fogaça, reiteradamente, a favor. Bastou isso para que o PT passasse a difundir a idéia de que com uma vitória oposicionista em Porto Alegre, o OP seria extinto.
É evidente que só há uma forma de fazer com que a premissa (a divergência de posição entre o candidato a prefeito e seu vice) leve à conclusão extraída e propagada pela campanha petista (o OP vai acabar): Fogaça seria um dissimulador e um mentiroso que estaria ocultando suas verdadeiras e sinistras intenções. A duas semanas da eleição esse é, na mecânica eleitoral petista, o eixo da campanha de Porto Alegre. Pois que seja.
Três por cento da população da cidade participa das reuniões do Orçamento Participativo, mas às custas de muita propaganda o partido convenceu o resto da cidade e a opinião pública mundial de que o mecanismo é a cereja do bolo da democracia. E em todo o planeta, graças àquele troca-troca de troféus e galardões que os esquerdistas promovem entre si, o OP porto-alegrense se constitui em objeto de reverência. Inverte-se então o dito espanhol segundo o qual \"yo no creo em brujas pero que las hay las hay\". No caso do OP, fora de Porto Alegre, se dirá: \"yo creo en el OP pero que no lo hay no lo hay\". E, de fato, nem em Brasília \"lo hay\".
Pois Fogaça decidiu assumir a bruxa e afirma que, se eleito, vai mantê-la intacta e distante da fogueira. Restou ao PT colocar sua palavra em dúvida, certamente motivado pela própria experiência de quatro anos atrás, quando o candidato Tarso Genro assumiu o peremptório compromisso de exercer seu mandato até o fim e renunciou quinze meses mais tarde. Os psicólogos denominam isso de \"projeção\".
(*) Arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.
Tenho certeza de que um viajante que chegue a Porto Alegre nestes dias e procure inteirar-se sobre a campanha eleitoral em curso ficará convencido de que o único problema desta cidade é o modo como se deliberará, no próximo quadriênio administrativo, a respeito do orçamento municipal. Só se fala em OP.